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Do Alto da Torre
Do Alto da Torre

Necessidade de regular as redes sociais

A mídia tradicional, disse Castells, conta com uma auto-regulação, que começa pelos jornalistas, a quem Castells chama de “heróis cotidianos”

Eduardo Brito

25/03/2024 19h05

Considerado um dos maiores especialistas mundiais em comunicações e tecnologia, o sociólogo espanhol Manuel Castells defendeu nesta segunda-feira, 25, a regulação das redes sociais, embora reconheça que não é algo fácil tecnicamente.

Para ele, as redes sociais decorrem de uma globalização descontrolada, que as tornam algo muito diferente da mídia. A mídia tradicional, disse Castells referindo-se a jornais, rádio, televisão e outros meios, conta com uma auto-regulação, que começa pelos jornalistas, a quem Castells chama de “heróis cotidianos”.

Afinal, são eles que seguem um código de busca de verdade. “Não só se controlam, mas são controlados por editores, por diretores, pelas próprias empresas”, avisou o sociólogo. Nada disso ocorre nas redes sociais. Para ele, “tecnologia não é o problema, mas a forma como é usada; hoje é uma droga”.

O problema, acrescentam, está em que pertencem a grandes empresas centralizadas, que faturam demais e nas quais a auto-regulação é escassa.

A utilização das redes sociais por pessoas já muito polarizadas pode comprometer o debate democrático racional, levando a um mundo de desinformação, notícias falsas e manipulação de imagens e personagens pela inteligência artificial, disse Castells, na aula inaugural do Seminário Internacional Democracia e Novas Tecnologias, que o Senado promove, entre os dias 25 e 27 de março.

Polarização é problema básico

Castells diz que o mau uso da tecnologia se agrava em um momento no qual a humanidade se defronta com grandes problemas, a começar pela polarização.

Segundo o professor, o debate público tem se convertido em uma série de manipulações que provocam um efeito negativo da tecnologia sobre a democracia. Dá como exemplo as eleições nos Estados Unidos e no Brasil, ocasiões nas quais a polarização e o uso das redes sociais ficaram muito evidentes.

“O problema é que as redes sociais estão controladas por oligopólios e, por conseguinte, teria que se impor por lei a essas empresas essa regulação. Em particular, hoje em dia, o mais importante é começar a regular seriamente a inteligência artificial. A questão aqui é a capacidade que tem a inteligência artificial de criar em nossas mentes um mundo totalmente artificial”, afirmou.

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