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Do Alto da Torre
Do Alto da Torre

Intervenção retira Paula do Cidadania

Tudo isso foi ultrapassado por nova decisão recém-tomada pela nova direção nacional do Cidadania, que determinou intervenção na seção brasiliense

Eduardo Brito

19/12/2023 18h52

Deputada Paula Belmonte

Presidente regional do Cidadania antes mesmo da sua federação com o PSDB e da derrubada do presidente nacional Roberto Freire, a distrital Paula Belmonte estava ameaçada até de expulsão do partido.

Acertou-se uma licença de modo a reconhecer o confronto de posturas políticas, o que permitiria a Paula deixar o partido sem arriscar seu mandato na Câmara Legislativa.

Tudo isso foi ultrapassado por nova decisão recém-tomada pela nova direção nacional do Cidadania, que determinou intervenção na seção brasiliense e nomeou uma comissão provisória para conduzir o partido no Distrito Federal.

Essa comissão será presidida por Marcelo Aguiar, ligadíssimo ao ex-senador Cristovam Buarque e seu antigo secretário de estado. Inclui ainda militantes antigos do partido, como o antecessor de Paula, Francisco Andrade, e os antigos dirigentes Irina Storni, Ezequiel Nascimento e Anderson Ferreira Martins.

Guinada governista

Na decisão tomada para afastar Paula, o grupo que assumiu o comando nacional do Cidadania a acusou de “passar a defender posições contrárias ao governo federal”, de “contestar publicamente o relatório da CPMI do Congresso que tratou da tentativa de golpe” e de apoiar manifestação na Esplanada “em defesa do impeachment do presidente Lula e do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes”.

Na prática, portanto, o Cidadania está dando uma guinada rumo ao governo Lula. Afirma-se – embora aí já não seja o mesmo caminho ideológico – que existe também interesse em se aproximar, no Distrito Federal, do governo Ibaneis.

Houve também pressa por parte da direção, pois já havia sido marcada, para 27 de janeiro, uma nova eleição destinada a substituir a executiva regional, a mesma que foi atropelada agora.

O time de Paula considerou a decisão não apenas surpreendente, mas também desconexa, uma vez que a executiva atual é que conduziria o processo sucessório regional. Detalhe: o grupo de Marcelo Aguiar, o novo presidente local dificilmente faria maioria.

Crise partidária na verdade é nacional

Embora a substituição da executiva brasiliense tenha cores locais, ela se encaixa em um processo nacional. A deposição de Roberto Freire privou o Cidadania de uma figura que tinha dimensões nacionais e autoridade no diálogo com outras forças políticas – ainda que Freire seja detestado tanto pelo presidente Lula quanto pelo antecessor Bolsonaro.

A nova direção é conduzida por Comte Bittencourt, deputado estadual com base em Niterói, o novo presidente nacional, e pelo secretário geral Régis Cavalcanti, um comunista histórico que nunca conseguiu uma eleição majoritária em Alagoas, após tentar mandatos de prefeito e vereador.

Mais, o viés pró-Lula tem pouco respaldo também nos estados. O partido está reduzido a cinco deputados federais, Amom Mandel, do Amazonas, Alex Mainenti e Arnaldo Jardim, de São Paulo, Any Ortiz, do Rio Grande do Sul, e Carmen Zanotto, de Santa Catarina, que se licenciou para ser secretária do governo de Jorginho Melo, ligadíssimo a Bolsonaro. Nenhum deles é simpático ao PT e já se falou muito em uma revoada te toda a bancada.

Federação com o PSDB em rumo incerto

Foto: Agência Brasil

Uma complicação maior está na federação do Cidadania com o PSDB. Os tucanos já decidiram que, embora dissociados do bolsonarismo, são oposição ao governo Lula.

Essa postura foi reiterada pelo líder no Senado, o brasiliense Izalci Lucas, e adotada como bandeira pelo novo presidente nacional Marconi Perillo. Uma adesão do Cidadania ao Planalto, sem os tucanos, teria difícil viabilidade. Há ainda uma implicação local. No último processo eleitoral Paula Belmonte se incompatibilizou com o senador Izalci Lucas, controlador do PSDB brasiliense.

A anuência a uma eventual saída sua a libera de compromissos com o Cidadania. Poderia aderir a novo partido sem perder o mandato. No entanto, na eleição passada já existia a federação PSDB-Cidadania, o que em tese permitiria aos tucanos reclamarem seu mandato.

E, complicação final, a suplente de Paula como distrital é Crícia Martins, que concorreu à eleição passada com o nome eleitoral de Cantora de Pentecostes. À parte o fato de Crícia Martins definir-se como “anticomunista como Nossa Senhora de Fátima”, ´pertence ao PSDB e à ala de Izalci.

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