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Do Alto da Torre
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Ibaneis não tem motivos para responder a acusações

Essas investigações concluíram que não há provas de que o governador tenha agido com omissão ou conivência com os atos golpistas

Eduardo Brito

15/01/2024 18h44

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Nem passa pela cabeça do governador Ibaneis Rocha responder a acusações recentes sobre envolvimento com as invasões das sedes dos Poderes em 8 de janeiro. Se o acusarem, ficarão falando sozinhos.

Primeiro, o governador sabe muito bem que a motivação nada tem a ver com os fatos em si, sendo apenas gestos políticos feitos de olho não só nas eleições municipais deste ano, quando o governo pretende repetir a polarização das eleições presidenciais.

E, segundo, Ibaneis já foi inocentado por investigações feitas por diversos órgãos, incluindo a Polícia Federal, a Procuradoria-Geral da República.

Essas investigações concluíram que não há provas de que o governador tenha agido com omissão ou conivência com os atos golpistas.

Na época, ele foi afastado do cargo por 60 dias, mas retornou ao posto após a conclusão do inquérito, por decisão de Alexandre de Moraes, ministro do Superior Tribunal Federal. De volta nesta segunda-feira a seu gabinete do Buriti, o governador passou o dia se inteirando de tudo o que foi feito durante suas férias. Já sabia: a interina Celina Leão teve muito trabalho.

Planalto procura reproduzir polaridade Lula-Bolsonaro

No Palácio do Buriti, os ataques feitos pelo presidente Lula a Ibaneis, assim como farpas lançadas contra outros governadores prende-se a uma estratégia já definida pelo Planalto para as eleições municipais deste ano e, ao que tudo indica, a se estender para as eleições nacionais de 2026.

Essa estratégia se centra em repetir, a nível municipal e estadual – para não falar ainda no nível federal – a polarização entre Lula e Bolsonaro, que viabilizou a eleição do atual presidente.

Trata-se, no fundo, de diluir o antipetismo, que levou ao desastre do partido nas eleições de 2016. Só para lembrar, após 13 anos no poder, em 2016 o PT sentiu pela primeira vez o peso do desgaste político que a crise causou à imagem da legenda.

O partido foi o grande derrotado das eleições municipais, perdendo 60,2% das prefeituras, em comparação com 2012. Tinha 638 e ficou com 254. Do outro lado, o PSDB, que tinha 695  e era na época o maior rival dos petistas, subiu para 803 municípios: aumento de 15,5%.

Quatro anos depois, em 2020, foi pior ainda. Com o PSDB também em declínio, os petistas terminaram a eleição com 183 prefeituras, menor número em 16 anos.

Com isso, o PT ocupa a 11ª posição entre os partidos, considerando o número de prefeituras. Pior, o PT não elegeu prefeito em nenhuma das capitais do Brasil pela primeira vez desde a redemocratização.

Das 15 cidades em que disputou o segundo turno das eleições municipais, foi derrotado em 11, entre elas duas capitais (Recife e Vitória). Evidentemente é prioridade política para Lula reverter esse quadro em 2024.

Estratégia já em curso

A indicação de Marta Suplicy como vice de Guilherme Boulos faz parte do plano do PT de repetir em São Paulo a polarização entre Lula e Jair Bolsonaro. Na verdade, é um padrão para todo o País.

A estratégia do PT é tentar carimbar essa aliança como a repetição daquela entre Lula e Alckmin e tentar jogar o atual prefeito Ricardo Nunes para o colo de Bolsonaro, repetindo a polarização Lula-Bolsonaro em São Paulo.

Praticamente não se fala mais em PSDB e o MDB de Ricardo Nunes é aliado de Lula no plano federal. Mas, assim como aconteceu na eleição presidencial, a estratégia é polarizar com os bolsonaristas, carimbando os adversários como ultra-direita.

Vamos combinar, a estratégia que pode dar certo ou não, mas não é considerada boa para o País, com essa polarização o tempo inteiro. Mas Lula quer forçar esse desenho, daí se falar tanto em Bolsonaro, com o presidente repetindo falas sobre ele.

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