Reeleito em primeiro turno, o governador Ibaneis Rocha reconheceu nesta segunda-feira, 3, que ocorre uma renovação nas forças políticas do Distrito Federal e assegurou diálogo com os eleitos. Referindo-se às figuras mais tradicionais, observou que “são pessoas com muitos serviços prestados à cidade e que devem ser reconhecidos por isso”. Para Ibaneis, “a renovação na política é constante, mas não permanente”. Assim, garantiu, “vamos conversar com essas novas forças, porque elas têm a força das urnas, para buscar convergências que sirvam para melhorar a vida de todos no Distrito Federal”. No primeiro mandato, lembra o governador, recebeu apoio da oposição para muitos projetos, porque sempre acreditou no diálogo. “Vamos continuar nessa toada”.
Mais polarização com um Centrão turbinado
Quadro que a coluna publica nesta edição mostra o novo desenho da polarização da Câmara dos Deputados e, também, o vitaminado fortalecimento do Centrão. Hoje o grupo de partidos que formam esse grupo já consegue maiorias, mas com a posse dos novos deputados poderá até mesmo aprovar, sozinho, propostas de emendas constitucionais. Somando-se os 99 deputados do PL aos 59 do União Brasil, 47 do PP, 42 do PSD, 42 do MDB e 41 do Republicanos chega-se ao total de 330. Os três quintos que valem uma emenda constitucional correspondem a 308 votos. Os partidos nanicos que costumam votar com o Centrão acrescentam mais 37 cadeiras. Assim, essa força tem potencial mínimo de 367 votos. Do outro lado da polarização, a federação PT-PV-PCdoB soma 80 cadeiras, das quais 68 petistas. O PDT tem 17, o PSB14, o PSOL 12 e a Rede, 2. Juntando tudo, a esquerda consegue 125.
Vítimas do quociente
Só 13 dos 32 partidos políticos superaram a cláusula de desempenho nas eleições de domingo, 2. Isso significa que apenas eles terão acesso a propaganda eleitoral na televisão e rádio durante as eleições e à fatia maior do fundo partidário. Os partidos que superaram a cláusula são PL, União, PP, PSD, MDB, Republicanos, PSB, PDT, Podemos e Avante, além das três federações: PT-PCdoB-PV, PSDB-Cidadania e PSOL-Rede. As federações são obrigadas a atuarem juntas por quatro anos. Outros cinco partidos – PSC, Patriota, Solidariedade, Novo, PTB e PROS – somam 21 deputados federais eleitos, mas não terão direito à estrutura partidária na Câmara dos Deputados. Esses deputados poderão migrar de sigla sem perderem o mandato. Os demais partidos nem isso conseguiram. Para garantir recursos do fundo partidário e ter acesso ao tempo de rádio e televisão, que é a principal fonte de recursos das agremiações partidárias, o partido político tinham de obter, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 2% dos votos válidos, distribuídos em pelo menos 9 estados, com um mínimo de 1% dos votos válidos em cada um; ou eleger pelo menos 11 deputados federais, distribuídos em pelo menos 9 estados.
Crescimento da esquerda
Escorado no fato de que os três deputados distritais mais votados são do PT e do PSOL, o veterano Chico Vigilante concluiu que a esquerda saiu fortalecida das eleições do Distrito Federal. Ele próprio, com 43 mil votos, mais do que duplicou a performance da eleição anterior. “Nâo conseguimos chegar ao segundo turno, mas não podemos falar em derrota, pois saímos de zero e hoje mais de 400 mil mulheres e homens do Distrito Federal se levantaram e foram às urnas”, destacou. Além disso, lembrou, a federação partidária que inclui o PT vai permanecer unida por quatro anos. “Com a reeleição de Ibaneis Rocha, ele vai ter que dialogar bastante com a gente”, antecipou. Do ponto de vista numérico, porém, não houve maior avanço da esquerda brasiliense. A proporção da bancada federal é a mesma, com apenas dois deputados no campo da esquerda – agora são Érika Kokay, do PT, e Reginaldo Veras, do PV. Na Câmara Legislativa, o PT passou de duas cadeiras para três, uma delas a do próprio Chico Vigilante, e o PSOL de uma para três, inclusive o primeiro e o terceiro distritais mais votados. Entretanto, o PV perdeu suas duas cadeiras, de Reginaldo Veras, agora federal, e de Leandro Grass, que disputou o Buriti. A nova bancada pode até ser mais aguerrida, mas na aritmética é a mesma.
Com Bolsonaro
Reeleita como a mais votada do Distrito Federal, a deputada Bia Kicis não perdoou. Correu ao Palácio do Planalto para cumprimentar o presidente Jair Bolsonaro, a quem prometeu ajuda para o segundo turno. Fez, por sua conta, uma avaliação do resultado do primeiro. Registrou que Bolsonaro recebeu uma votação à alcançada em 2018. “Foram quase 2 milhões de votos a mais!”, comemorou uma maravilhada Bia Kicis. Ela registrou que os bolsonaristas “também elegeram as maiores bancadas da Câmara e do Senado, o que era a nossa maior prioridade neste primeiro momento”.
Adeus a Adriano Lafetá
Após uma carreira de mais de quatro décadas em veículos de comunicação do Distrito Federal, o jornalista Adriano Machado Lafetá morreu na madrugada desta segunda-feira, 3 de outubro. Com 66 anos, Lafetá estava internado no Hospital Santa Lúcia desde o dia 7 de setembro. Sofria de uma leucemia crônica, que se agravou com complicações decorrentes da Covid-19. Adriano Lafetá deixa a mulher, Vânia, duas filhas, Débora e Marina, e um neto, Tom. Mineiro de Montes Claros, Lafetá formou-se em comunicação na Universidade de Brasília, em 1980. A partir daí, trabalhou no Correio Braziliense, por 29 anos, na TV Brasil e na Empresa Brasileira de Comunicação, a EBC, em que foi redator e editor. Na redação no Correio Braziliense, Adriano Lafetá começou como repórter, mas rapidamente passou a subeditor de Política, onde recebeu e cumpriu missões da maior responsabilidade. Foi, por exemplo, coordenador de toda a cobertura da Assembleia Nacional Constituinte, premiada à época. Mais tarde, ainda no Correio, foi por longo tempo subeditor de Opinião. Em nota, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do DF lamentou a perda do profissional. “Lafetá se distinguia pela cordialidade com os colegas, em particular os mais jovens, e pelo cuidado com que revisava e editava os textos. Ao longo das décadas de carreira, colecionou amizades e conquistou respeito profissional”.
Candidata que pediu para não votarem nela tem 9 mil votos
A candidata tucana Yara Prado ganhou 9.676 votos após ela mesma pedir para que não votassem nela. Inscrita para disputar vaga de senadora pelo Distrito Federal, a chapa de Yara teve a candidatura de um dos suplentes negada, segundo ela. Diante disso, Yara postou que estava elegível, mas que não seria justo pedir voto já que seriam todos anulados. “Não vote em mim. Não desperdice o seu voto. Calma, eu estou completamente elegível. Não tem nada de errado comigo ou com a minha candidatura”. Com isso, os votos na chapa seriam nulos. Mesmo com o pedido, a candidatura teve 0,61% dos votos e foi o suficiente para ficar em quinto lugar, embora muito atrás da vencedora Damares Alves que passou dos 714 mil.