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Do Alto da Torre
Do Alto da Torre

Gim é protagonista de reviravolta política

Na prática, o ex-senador está elegível para o pleito deste ano, embaralha o xadrez eleitoral no DF e se torna uma das principais peças no tabuleiro

Eduardo Brito

09/02/2022 7h34

Um fato novo acaba de causar uma reviravolta judiciária que mexe com toda a política do Distrito Federal. É a anulação de todos os processos a que o ex-senador Gim Argello (foto) respondia na 13ª Vara de Curitiba. Gim agora ressurge fortalecido no cenário político da cidade, depois que a 5ª turma do Superior Tribunal de Justiça decidiu que o foro competente para julgar seus processos é a Justiça Eleitoral. A decisão, na prática, torna o ex-senador elegível para o pleito deste ano, embaralha o xadrez eleitoral no DF e o coloca como uma das principais peças no tabuleiro. Mal saiu a decisão e ele começou a ser sondado por lideranças partidárias interessadas na sua filiação. No momento Gim não está filiado a nenhum partido.

Sem pressa

Na verdade, o ex-senador não tem pressa em definir seu futuro político. Tem prazo até o início de abril para se filiar, caso resolva disputar as eleições deste ano. Dessa forma, vai analisar com calma as opções, ouvindo amigos e aliados. Já existem propostas para que tente o retorno ao Senado. Do ponto de vista político seria a opção natural, pois quando exerceu seu mandato de senador ele foi muito elogiado pela sua liderança no Congresso.

Apto para disputar as eleições de 2022

Com a decisão do STJ, Gim Argello está legalmente apto para disputar já as próximas eleições. Ele nem precisou recorrer ao Supremo Tribunal Federal para declarar a incompetência da Vara de Curitiba para julgamento de seu caso. Seus direitos políticos já estão restabelecidos. O ex-senador diz que sempre acreditou na Justiça e tornou claro que não se afastará da vida pública. “Eu só tenho que agradecer ao povo de Brasília e ao Brasil pelo apoio incondicional e o carinho recebido nesse tempo todo. Mesmo diante de todas as dificuldades, segui acreditando na justiça do nosso país. Reconhecidas as injustiças, agora é hora de avançar e trabalhar por um Distrito Federal melhor”.

Como Lula

O político havia sido condenado a 11 anos e 8 meses. A pena também foi anulada. A decisão se assemelha ao que ocorreu com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quando teve as condenações proferidas pelo ex-juiz federal Sergio Moro anuladas por vícios processuais.

PL se turbina no DF

Hoje com um deputado federal e dois distritais, o PL pretende se turbinar para aumentar, e muito, suas bancadas. Já está pensando nas nominatas, as listas de candidatos. A questão foi discutida em reunião no Palácio do Planalto, com a ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda – que também é presidente regional do partido (foto). Para aplainar eventuais arestas, estiveram com Flávia três deputados distritais, Agaciel Maia, Daniel Donizet e a surpresa, Roosevelt Vilela. Aliás, nem tanta surpresa assim. Eleito pelo PSB e muito próximo ao então governador Rodrigo Rollemberg, Vilela vem se aproximando do atual governo e já participou de vários encontros com a cúpula do PL. Como diz seu colega Daniel Donizet, ele ainda não assinou a ficha de filiação e até lá não estará no partido, mas os demais integrantes dão sua ida como certa.

Também estavam lá

Além dos três distritais participaram da reunião o presidente do Sindicato dos Médicos, Gutemberg Fialho, e o administrador regional de Taguatinga e ex-distrital Renato Andrade. Ambos devem ser candidatos à Câmara Legislativa. Aliás, já disputaram a eleição passada. Gutemberg ficou em 12º lugar e, se fosse por votação individual, estaria eleito – só que o partido não atingiu o quociente para faturar duas cadeiras. Renato Andrade teve quase 10,7 mil votos, mas também só ficou com uma suplência. De toda forma são considerados puxadores de voto e essa composição é que foi discutida com Flávia.

Será que vai sobrar alguém?

Todos esses cálculos se prendem à questão desse quociente partidário. Na eleição de 2018 o fracionamento foi tão significativo que só duas legendas conseguiram eleger mais de um distrital, uma delas o PSB que está em vias de não ter nenhum. Os 20 restantes formaram blocos do eu-sozinho, justamente por sua cautela ao escolher partidos com menos riscos de sobrarem. Este ano a configuração é diferente, pois a legislação impõe um número menor de candidatos para cada partido, além de bloquear as coligações. O deputado Daniel Donizet – que, ele próprio, andou cotado para ir ao MDB – admite que existe esse perigo, daí o cuidado na organização das chapas. De toda forma, Agaciel Maia deve tentar uma cadeira de deputado federal. Flávia Arruda não disputará a reeleição, mas a vaga de senadora. E seu suplente Laerte Bessa, que a substituiu, não será candidato a nada. Em compensação, a deputada bolsonarista Bia Kicis deve ingressar no partido e concorrer ao lado de Agaciel.

União Brasil nasce com conflito

Fusão do DEM com o PSL, o novo partido União Brasil nasce com conflitos internos que vão desde sua cúpula, até agora incapaz de definir uma postura clara para a eleição presidencial, até as direções regionais, alvo de fortíssimas batalhas internas. É o caso também do Distrito Federal. Em praticamente todas as unidades da Federação a disputas se repete. O desenho é claro. Descendente direto do antigo PFL, nascido com Tancredo Neves e José Sarney, o DEM conta com estrutura partidária muito maior e com quadros com maior experiência, senão densidade eleitoral. Já o PSL foi sempre um dos nanicos mais nanicos, até servir de veículo para a aventura presidencial de Jair Bolsonaro. Nas eleições de 2018 saltou de nove para 55 deputados. O DEM tem só 26. Como o fundo partidário é calculado pelas bancadas na última distribuição de cadeiras, o PSL se tornou o mais rico dos partidos. Receberá neste ano R$ 567 milhões. O DEM terá R$ 323 milhões. Manda o dinheiro.

Fraga pode estar de saída

Presidente do DEM do Distrito Federal há 11 anos, o ex-deputado federal Alberto Fraga (foto) era favorito para permanecer na presidência agora do União Brasil. Ao retalhar o mapa regional do novo partido, porém, o PSL lançou um nome, do advogado Manoel Arruda. A decisão ainda não foi formalizada, mas Fraga tornou claro que não aceitará a substituição. “Não há qualquer sentido em trocar um deputado federal por quatro legislaturas e amplo reconhecimento do nome por um advogado que nunca disputou eleição”, dispara Fraga. “Se fizerem isso, os caciques do PSL, Luciano Bivar e Rueda, é que terão de explicar”. No entanto, a conclusão seria evidente, comunica o Alberto Fraga: “é uma saída anunciada”. A propósito, o ex-deputado já recebeu vários convites. Prefere continuar no União Brasil, mas, se sair, seu destino pode ser o PL, com quem vem conversando antes mesmo de Bolsonaro se definir pelo partido.

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