Só se sabe que vai pegar fogo, mas ainda não se sabe como, nem quanto. Passou praticamente despercebido, dado o esvaziamento do Congresso nesta semana de São João, mas, discretamente, a Comissão de Esporte do Senado Federal aprovou, nesta terça-feira (25), requerimento da senadora brasiliense Leila Barros, do PDT-DF, para a realização de audiência pública com o novo presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Samir de Araújo Xaud.
O objetivo do encontro, teoricamente, é abrir um canal de diálogo direto entre o dirigente e o Legislativo sobre os rumos do futebol brasileiro. Na prática, é claro que ele será interpelado sobre as mazelas da Seleção, sobre a dinheirama arrecadada e até sobre o VAR. Em tese, o presidente da CBF foi convidado para apresentar suas diretrizes à frente da entidade, além de discutir ações para o fortalecimento do futebol de base e do futebol feminino, formação de atletas, infraestrutura de estádios, transparência na gestão e o papel social do futebol como ferramenta de inclusão e desenvolvimento. Para a senadora Leila, que preside a Comissão de Esporte do Senado, o momento é oportuno para o aperfeiçoamento das políticas públicas voltadas ao futebol.
“O futebol é uma paixão nacional e, mais do que isso, um instrumento poderoso de transformação. Precisamos de uma CBF mais conectada com as necessidades do povo, comprometida com a formação de atletas, com a valorização do futebol feminino e com uma gestão mais transparente e inclusiva. Essa audiência será fundamental para entendermos os planos da nova gestão até 2029”, afirmou Leila. A data da audiência pública será definida e divulgada em breve pela Comissão de Esporte do Senado.
Cronologia da crise

O convite do Senado ocorre em meio a uma crise institucional na CBF. Em dezembro de 2023, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) anulou a eleição de Ednaldo Rodrigues, alegando irregularidades no processo, decisão posteriormente revertida por liminar do ministro Gilmar Mendes, do STF, em janeiro de 2024.
Em março de 2025, Ednaldo foi reeleito por aclamação para comandar a entidade até 2029. Porém, em maio, um levantamento pericial constatou possível falsificação na assinatura do ex-dirigente Antônio Carlos Nunes, que sofre de um tumor cerebral e tinha capacidade cognitiva comprometida, no acordo que lhe conferiu legitimidade.
Em 15 de maio de 2025, o TJ-RJ declarou nulo esse acordo, afastou Ednaldo e determinou a intervenção de Fernando Sarney para convocar novas eleições. Ednaldo recorreu ao STF, mas em 19 de maio desistiu do recurso, abrindo caminho para Samir Xaud.