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Do Alto da Torre
Do Alto da Torre

Fogueira das vaidades

Arquivo Geral

25/10/2016 7h00

Atualizada 24/10/2016 22h13

Raphael Ribeiro/Cedoc

Como se não bastassem todos os problemas crônicos na relação entre Executivo e Legislativo, existem nomes dentro do Palácio do Buriti que colaboram ainda mais para o distanciamento do governador com a base aliada. Ninguém tem dúvidas de que hoje a maioria dos cargos comissionados da máquina está nas mãos do PSB. No entanto, alguns nomes do partido começaram a passar na cara dos deputados que têm mais cargos do que eles dentro do governo. Soa até mesmo infantil, para não dizer outra coisa. Para deixar o caso mais grave, os exibidos têm trânsito livre no gabinete e no círculo social do próprio governador Rodrigo Rollemberg (foto). O nome de um destes santos chegou a ser cogitado para ocupar o comando de uma secretaria. Alimentando ciúmes desse jeito, não existe aliança que se mantenha.

Sem xingado

A relação do Executivo com o Legislativo sofre com outros percalços, principalmente falta de xingado político dos interlocutores do Buriti. Por exemplo, se um parlamentar não quer votar uma pauta do governo a postura do GDF costuma ser truculenta, ríspida, quase de enfrentamento. Parece que falta paciência para sentar na mesa e conversar. Não é ceder cargos e nem espaços e encontrar consensos. Agentes palacianos também são traídos pela própria máquina pública. Logo após selar acordos com os parlamentares ficam na mão pelas deficiências conscientes e inconscientes do próprio governo.

Onda conservadora

O movimento dos grupos de direita continua a ganhar força no horizonte político das eleições de 2018. Segundo Alírio Neto, um dos coordenadores das conversas, a próxima reunião terá participação de novos personagens. Figurões do PPL, PRB e PTdoB confirmaram presença. “A lista de descontentes com o governo que aí está é muito grande. Este é momento de ouvir e aglomerar forças”, comentou Alírio. Na lista e novos participantes dos diálogos conservadores chama a atenção da futura presença do PRB, partido que até o momento compõem a base de Rollemberg.

Cobrança

O presidente em exercício da Câmara Legislativa, Juarezão (PSB) e o líder do PT na Casa, deputado distrital Wasny de Roure, exigiram a reabertura do Pronto Socorro Infantil do Hospital Regional do Gama(HRG). Com o apoio popular, os parlamentares encaminharam o pleito diretamente para o Secretário de Saúde, Humberto Fonseca. Em resposta, o governo argumentou que na semana passada havia sido aprovada a contratação temporária de 107 pediatras. O caso as contratações pesem nos limites impostos pela Lei de Responsabilidade Fiscal, o governo já traça as linhas gerais de negociação com os órgãos de controle para assegurar o atendimento aos pacientes.

Sem radicalismo

Na queda de braço entre GDF e servidores por reajustes salariais, o professor de Administração Pública da Universidade Brasília, José Matias-Pereira, observa que os dois lados têm razão. Os servidores reúnem todo o direito de se mobilizar em busca de acordos selados no passado. O GDF está com o caixa vazio e sob as limitações da Lei de Responsabilidade Fiscal. “Sem juízo de valor, o que está sendo colocado aqui é a incapacidade do DF de honrar os pagamentos. Cerca de 14 estados convivem com situações parecidas”, afirmou. Neste impasse, o especialista considera que o melhor caminho para ambos é a negociação sem radicalismos.

Prejudicar a população? Corte de ponto? Seria bom repensar

Do ponto de vista de Matias-Pereira, os dois lados estão pecando ao adotar o tom de ameaça neste princípio de crise. Os servidores perderam apoio popular na medida em que as greves começarem a castigar a população. Já o GDF, deixará de ter força na mesa de negociações a medida em que cortar o ponto dos trabalhadores. “O ideal é que não se usem mecanismos de retaliação sem se buscar saídas pelo diálogo. A retaliação é a última ferramenta”, sugeriu. Para o especialista, as negociações podem ser construídas a partir de compensações para os trabalhadores ou mesmo a definição de outras datas para a concessão das recomposições salariais.

Tendências contrárias

Apesar da análise do professor, a tendência dos dois lados é de enfrentamento. Pouco importando o calvário que será imposto sobre os ombros da população, já castigada pela ineficiência da máquina pública. Francamente… É uma situação lamentável.

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