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Do Alto da Torre
Do Alto da Torre

Ex-governadores dizimados

Pior até para Paulo Octávio, que além de amargar um terceiro lugar na corrida pelo Buriti, não conseguiu seu maior objetivo

Eduardo Brito

14/10/2022 8h00

Atualizada 13/10/2022 18h36

De todas as unidades da Federação, o Distrito Federal foi a mais cruel com seus ex-governadores. José Roberto Arruda e Agnelo Queiroz foram impedidos de se candidatar pela Lei da Ficha Limpa, enquanto cinco outros foram derrotados, como mostrou a coluna. Rodrigo Rollemberg, Rogério Rosso e Maria de Lourdes Abadia não se elegeram deputados, o mesmo acontecendo com dois vices que chegaram a assumir, Tadeu Filippelli e Paulo Octávio.

Pior até para Paulo Octávio, que além de amargar um terceiro lugar na corrida pelo Buriti, não conseguiu seu maior objetivo que era emplacar o filho André Kubitschek na Câmara dos Deputados. Apesar da ênfase dada à sua campanha, André teve só 20 mil votos. A derrota de ex-governadores não foi, porém, prerrogativa do Distrito Federal. Em todo o País, quase todos os que foram às urnas perderam a eleição.

Aconteceu bem perto, na vizinha Goiás. O favorito na corrida para o Senado, o tucano Marconi Perillo, amargou uma derrota no final e seu antigo aliado e sucessor, Alcides Rodrigues, teve votação pífia e nem se reelegeu deputado. No total, 22 antigos governadores foram derrotados pelas urnas de 2022.

Dinastias do Norte

Comandante da política do Acre por 20 anos, nos quais foi governador por dois mandatos e o irmão por outros dois, Jorge Viana perdeu feio na tentativa de retomar o cargo. Teve apenas 25% dos votos.

Seu antecessor Flaviano Melo, que governou o estado nos anos 80, foi senador e passou seguidos mandatos na Câmara, não se reelegeu deputado. Outra dinastia da região Norte, os Capiberibe do Amapá, também foi mal. Duas vezes governador e duas vezes senador, o patriarca João Alberto Capiberibe teve menos de 10% dos votos para senador.

Pior, seu filho Camilo Capiberibe, que também governou o estado, não se reelegeu deputado federal. No vizinho Amazonas, Eduardo Braga conseguiu chegar ao segundo turno para o governo, mas está muito atrás do favorito. E Arthur Virgílio, que não foi governador, mas administrou metade do eleitorado amazonense como prefeito de Manaus, teve pouco mais de 10% dos votos para o Senado.

Pesos pesados

O desastre dos ex-governadores foi impiedoso até com pesos pesados da política. Duas vezes senador, prefeito da capital e uma vez governador, além de três vezes ministro, José Serra teve 80 mil votos, pouco para padrões paulistas, e nem chegou à Câmara dos Deputados.

No Paraná, Roberto Requião e Álvaro Dias foram derrotados. Beto Richa, que se elegeu deputado federal a duras penas, corre o risco de nem assumir, dados os problemas com a Justiça Eleitoral. Raimundo Colombo, de Santa Catarina, perdeu na segunda tentativa de se eleger senador e Esperidião Amin, que queria voltar ao governo, nem chegou ao segundo turno.

No Rio Grande do Sul, o ícone petista Olívio Dutra fracassou ao tentar o Senado. Favorito para o governo, Eduardo Leite só passou do primeiro turno por margem mínima de 3 mil votos sobre adversário petista.

Todos presos

No Rio de Janeiro não poderia mesmo haver ex-governadores nas urnas, pois todos estão presos ou impedidos pela ficha suja.

Mesmo assim, a filha de Garotinho, Clarissa, trocou uma reeleição provável como deputada por uma derrota para o Senado, enquanto Marco Antonio Cabral, filho de Sérgio Cabral, teve votação irrisória e não irá para a Câmara dos Deputados.

Outro herdeiro de ex-governador, Max Mauro Filho, perdeu a reeleição para o Senado no Espírito Santo.

Nordeste

No Nordeste, poucos ex-governadores tentaram o retorno. Mesmo assim, Ricardo Coutinho perdeu a eleição para o Senado: era favorito e acabou em terceiro lugar. Garibaldi Alves Filho, duas vezes governador e três vezes senador, foi a exceção: elegeu-se deputado federal. Fernando Collor teve só 14% dos votos e não conseguiu voltar ao governo, que ocupou de 1986 a 1989.

Outras três exceções, Flávio Dino do Maranhão, Camilo Santana do Ceará e Wellington Dias do Piauí, elegeram-se senadores, mas Wellington, favorito disparado, sofreu um susto no fim, quando sua vantagem se reduziu a poucos milhares de votos.

Após muito tempo

Outro ex-governador dos anos 80, Carlos Bezerra elegeu-se senador por Mato Grosso e depois cinco vezes deputado federal. Agora, com 45 mill votos, ficou de fora pela primeira vez.

No vizinho Mato Grosso do Sul, André Puccinelli era franco favorito para retornar ao governo. Ficou em terceiro lugar, perdendo para um desconhecido militar bolsonarista.

O antecessor Zeca do PT, deputado federal, nem concorreu. Em Roraima, Romero Jucá foi três vezes senador após deixar o governo, além de ministro. Perdeu também. Em todo o País, porém, a pior performance foi a do único governador petista de Minas Gerais, Fernando Pimentel.

Quando tentou se reeleger, em 2018, amargou um terceiro lugar. Agora, lançou-se candidato a deputado federal. Recebeu apenas 37.007 votos que o relegaram à quarta suplência, com chances praticamente nulas de chegar ao Congresso.

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