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Do Alto da Torre
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Condenado por bomba no aeroporto se diz vítima

Foi Wellington, um dos acampados em frente ao QG do Exército que transportado a bomba que foi colocada no caminhão

Eduardo Brito

05/10/2023 18h47

Atualizada 16/10/2023 14h23

Brasília (DF) 21/09/2023 blogueiro Wellington Macedo de Souza, na CPMI do golpe. Ele foi condenado por participar da tentativa de explosão de uma bomba próximo ao aeroporto de Brasília. Foto Lula Marques/ Agência Brasil

“Fui vítima de uma trama criminosa e diabólica”, assegurou à CPI dos atos antidemocráticos da Câmara o presidiário Wellington Macedo de Souza, condenado por participar da tentativa de explosão de um caminhão-tanque de combustíveis no aeroporto de Brasília.

Foi Wellington, um dos acampados em frente ao QG do Exército que transportado a bomba que foi colocada no caminhão. Ele levava também Alan Diego dos Santos, que instalou o artefato no caminhão.

À comissão, Wellington afirmou que apenas atendeu a um pedido de Alan, que queria uma carona ao aeroporto, sem saber – bobinho que era – que Alan transportava uma bomba. Ele afirmou ser vítima de uma trama arquitetada por Alan e George Washington de Oliveira. Todos já foram condenados e cumprem pena.

“Por ter um coração bom, eu, inocentemente, não percebi que eu estava caindo nessa trama”, garantiu Wellington ao presidente da CPI, Chico Vigilante. Wellington afirmou à Comissão que participou dos acampamentos bolsonaristas na frente do QG do exército em Brasília apenas como profissional de imprensa.

Ele disse que à época era correspondente do jornal Folha de S. Paulo e que mantinha contato com os acampados em buscar de pautas jornalísticas para suas matérias. Detalhe é que nunca um texto seu foi publicado na Folha. Wellington era blogueiro de direita e havia sido candidato a deputado federal pelo PTB como “Jornalista Wellington”, sem se eleger.

Já com tornozeleira

Wellington contou que, na manhã do dia da bomba recebeu uma mensagem que pedia que ele desse outra carona a um dos manifestantes ao aeroporto novamente. Macedo então se dirigiu ao acampamento e foi apresentado a Alan Diego, que carregava uma mala e uma sacola.

Ele afirmou que Alan parecia nervoso e que pediu que parasse em alguns locais antes de chegar ao destino. Informações da tornozeleira eletrônica de Wellington confirmam que eles passaram pela rodoviária do Plano Piloto e pelas regiões administrativas de Samambaia e Taguatinga.

Posteriormente, investigações apontaram que os investigados chegaram a cogitar instalar a bomba na subestação de energia de Samambaia. Ao chegarem ao aeroporto, o depoente conta que Alan não quis descer do carro e que os dois passaram a rodar por diversos pontos de Brasília.

Foi então que, já próximo das 3h da madrugada, retornaram ao aeroporto, momento em que Alan teria avistado o caminhão de combustíveis e pedido para que ele estacionasse o carro ao lado. Wellington garante que somente nesse momento percebeu que transportava uma dinamite em seu carro e que se travava de um atentado.

Ele contou que viu Alan instalando o artefato e que chegaram a discutir porque sabia que todo seu trajeto estava sendo monitorado pela tornozeleira eletrônica que utilizava desde 2021.

“Eu entrei em pânico, em desespero, porque ainda havia uma mochila dentro do carro e eu pensei que pudesse haver mais artefatos” disse.

Depois, novo confronto entre distritais

O distrital Fábio Félix ridicularizou a afirmação do depoente de que sua participação junto aos movimentos bolsonaristas era de cunho estritamente jornalístico.

Segundo o distrital, a atuação de Wellington era política, e não profissional. “Nos últimos anos, o senhor se dedicou a uma militância política no YouTube pró-bolsonaro, aquilo não era jornalismo”, declarou Félix ao depoente. A partir daí, porém, os distritais passaram a se digladiar.

O pastor Daniel de Castro criticou em termos fortes a condução da CPI e cobrou a individualização das penas. Segundo o pastor Daniel, o presidente da CPI não debateu com os demais a mudança na agenda da comissão, que receberia nesta quinta-feira, 5, o ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Saulo Moura da Cunha em vez de Wellington, que já havia aparecido à CPMI do Congresso e tornado claro que nada tinha a mostrar.

O distrital criticou ainda o fato de a comissão convidar Wellington, que se diz jornalista, e não aprovar a convocação do repórter fotográfico Adriano Machado, que fez cobertura jornalística dos ataques no dia 8 de janeiro. O presidente da comissão já declarou, em diversas ocasiões, que o fotógrafo não será chamado em respeito ao não cerceamento do trabalho da imprensa.

Thiago Manzoni se juntou às críticas de pastor Daniel e criticou a CPI por não chamar figuras do atual governo, como o ministro Flávio Dino.

O distrital petista Gabriel Magno, porém, apoiou a presidência da CPI, afirmando que o depoimento de Wellington será de extrema importância para a elaboração do relatório final. Magno contestou ainda o argumento de que os acampamentos em frente ao QG do exército não teriam contribuído para os ataques às sedes dos três poderes no dia 8. “O QG era uma incubadora de criminosos”, afirmou.

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