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Do Alto da Torre
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Celina Leão: “Até nós ficamos revoltados com o sistema”

Arquivo Geral

23/08/2018 7h00

Foto: Myke Sena/Jornal de Brasília

A frase acima foi proferida por Celina Leão (PP), candidata a deputada federal, depois de reclamar que a “máquina do governo é muito pesada”. E ela garante saber disso como ninguém, depois de dois mandatos seguidos em que foi oposição a Agnelo e depois Rollemberg. Após oito anos na Câmara Legislativa, ela admite, porém, que a intenção para 2018 era um vôo maior: o Governo de Brasília. “Se não tivesse acontecido a Operação Drácon, eu era candidata ao Buriti”, diz a parlamentar. A operação em questão foi deflagrada pela Polícia Civil, em março de 2017, para apurar um suposto esquema de propina envolvendo a deputada e outros quatro distritais, que teriam recebido dinheiro para direcionar emendas a empresas de saúde no DF. À época, a Leoa foi afastada da presidência da Câmara, mas sempre alegou inocência. Segundo ela, a operação mais recente da PCDF, 12:26, que implicou figuras próximas do governo Rollemberg a um esquema de corrupção similar, serviu como redenção e comprova que ela foi vítima de perseguição do GDF. Ela afirma não ter medo da repercussão da operação e garante que fará um mandato federal mais próximo da população do DF em relação à legislatura anterior, que teria “ficado no Olimpo” do Congresso, longe dos mortais.

O discurso mais usado por candidatos novos é da renovação política por causa da desilusão dos eleitores. O que pensa a respeito?

Renovação por renovação não significa nada. A questão é da gestão, a postura do parlamentar. Brasília carece de um governo forte. A população tem ausência de governo, de um governador que bata na mesa e diga: “eu vou resolver esse problema”. A população quer discutir política. Ela quer votar sim, vai votar sim, mas vai escolher melhor em quem ela vai votar.

A próxima legislatura deve decidir questões importantes sobre a Reforma da Previdência. Qual seu posicionamento sobre essa reforma?
Tudo tem que passar por um grande debate e, do jeito que está, ninguém comprovou que o problema era a previdência atrapalhando os cofres públicos.

A missão do político agora é vender seu peixe a longo prazo?
Quando existe a questão de estar decepcionado, a gente respeita, mas muitas pessoas em alguns momentos contaram só com a Camara Legislativa. Derrubamos projetos que iriam massacrar carreiras do servidor público – nunca vi uma perseguição tão cruel. Tem hora que até nós ficamos revoltados com como funciona o sistema. Eu estou na oposição há oito anos. Não é facil. A máquina do governo é pesadíssima. Só tem dois modos de mudar o país, na porrada ou na política. Eu acredito mais na política. As pessoas precisam escolher em quem votar, não precisa nem ser em mim, mas escolham.

E a Operação Drácon…
Gosto muito de falar sobre isso. Estávamos muito próximos de pegar o famoso Marcello Nóbrega (antigo subsecretário da Saúde), que já tinha seis depoimentos na Câmara (pela CPI da Saúde), e aí teve essa armação, que eu não estava, não votei e fui gravada dizendo que não queria a emenda. É um crime impossível. E o mais legal é a operação de agora (12:26), porque foi pego no grampo Marcello Nóbrega combinando pagamento de UTI. Se havia dúvida que ele estava pedindo, taí. Não fui eu, foi ele. […] Eu fui gravada pela Liliane falando que não queria nada.

Imagino que não sejam mais amigas.

Ela tem problema emocional, psicológico. Ela está condenada a quatro anos de cadeia, convive com a gente e talvez ninguém saiba porque não faz diferença na cena política. Não foi a primeira vez que fui acusada injustamente. Na época do Agnelo também fui e me provei inocente.

Mas os poderes que fizeram a investigação são considerados independentes.
Eu sei, mas no dia do nosso retorno à presidencia inventaram uma busca e apreensão de documentos que estavam saindo da Câmara, mas não foi nenhum assessor meu. Ele estava levando a pauta de votação, mas isso foi explorado pelo MP e pela imprensa. Não quero atacar as instituições, mas houve um direcionamento nesse sentido. […] Nunca fui pega numa mentira e a cada semana a Liliane trazia uma informação e era desmentida.

Mas isso arranhou bastante sua imagem.
Se não tivesse acontecido isso, eu era candidata a governadora. Era esse o objetivo. Se for falar de sujeira, o Rodrigo (Rollemberg) é imundo, tem três citações na Lava-Jato. Eu não teria dificuldade de ir num debate com ele.

Qual seria seu primeiro projeto se eleita?
Isenção total para (o microempreendedor) não pagar imposto enquanto não tiver lucro. O dia que o Brasil gerar emprego de verdade, ninguém vai querer cargo. (Veja a entrevista na íntegra, feita ao vivo, na página oficial do Facebook do Jornal de Brasília).


Cabo Frejat
O que Izalci Lucas (PSDB) realmente queria era ser governador do DF, mas a ambição de Rogério Rosso (PSD) e a instabilidade interna de seu próprio partido inviabilizaram a candidatura. Assim, o tucano se uniu ao grupo de Alberto Fraga (DEM) e se contentou como postulante ao Senado. Desde ontem, ganhou dois cabos eleitorais de peso, o ex-candidato ao Senado Paulo Octávio (PP) e o ex-candidato ao governo Jofran Frejat (PR).

Belmonte sabatinada
A empresária Paula Belmonte (PPS) angariou o apoio de 30 dos 44 candidatos a deputado distrital do PSC-DF ao longo da semana, mesmo com o partido tendo sua nominata própria para tentar a Câmara dos Deputados. A dobradinha cruzada, formal e informal, tem sido a marca registrada dela, que já apareceu nas redes sociais ao lado de nomes como Leila do Vôlei (PSB), Jaqueline Silva (PTB) e Alexandre Yanez (PP). Dos motivos que têm feito a candidata receber apoio, o presidente do PSC-DF, Zenóbio Rocha, preferiu citar fato de ela “representar a renovação“. ”. Hoje, ela será sabatinada pelo Jornal de Brasília a partir das 14h50, com transmissão ao vivo nas redes do jornal.

“Embolo” oficializado
A pesquisa do DataFolha sobre os candidatos ao Governo de Brasília revelou cenário equilibrado entre quatro candidatos no topo: Eliana Pedrosa (Pros), Rodrigo Rollemberg (PSB), Rogério Rosso (PSD) e Alberto Fraga (DEM). Ainda mostrou empates técnicos, na margem de erro, entre até sete nomes abaixo dos líderes (leia mais na página 8). Curiosamente, a líder da pesquisa, Eliana, não supera os 18%. Para se ter ideia, o ex-governador Agnelo (PT) ficou de fora do segundo turno em 2014 com 20% de votos válidos. O campeão de votos atualmente são os indecisos, brancos e nulos, com 32% somados, segundo a pesquisa. É dura a missão de quem tenta convencer e será ainda mais dura a missão de quem terá de ser convencido.

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