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Do Alto da Torre
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Alto da Torre: Pelo financiamento público de campanhas, mas contra o Fundão

Pré-candidato a governador do Distrito Federal pelo PT, o ex-deputado Geraldo Magela passou a defender o chamado “revogaço”

Eduardo Brito

19/01/2022 5h30

Atualizada 18/01/2022 17h51

Foto: Roque de Sá/Agência Senado

O voto dado pela senadora brasiliense Leila Barros contra o fundão de recursos orçamentários dado aos partidos para a eleição deste ano não significa que ela tenha recuado do apoio ao financiamento público de campanhas eleitorais. Leila continua favorável à tese, mas condena a oportunidade e o volume de recursos. Ela mesmo explica: “em um ano de grandes desafios, é inadmissível aumentar o Fundo Eleitoral em 190%”. Na verdade, diz, “eu não sou contra o financiamento público de campanhas, mas é uma insensibilidade aumentar o Fundão com milhões de brasileiros que não tiveram um prato de comida em suas mesas”.

Pelo revogaço das reformas

Pré-candidato a governador do Distrito Federal pelo PT, o ex-deputado Geraldo Magela passou a defender o chamado “revogaço”, a anulação de reformas aprovadas após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. “As reformas trabalhistas não cumpriram o que prometeram, criar mais empregos”, diz. “Foram instituídas, no governo Temer, quando suprimiram mais de 100 artigos da Consolidação das Leis do Trabalho, provocando desemprego, precarização das condições de trabalho e produzindo um trabalhador autônomo e sem proteção social”. O resultado, assegura, são homens e mulheres com jornadas de, 14 horas diárias, seis dias por semana, para ganharam, quando muito, um salário-mínimo.

Desemprego no DF

Magela reúne números para afirmar que, no Distrito Federal pós-reforma, os trabalhadores não encontraram mais vagas de trabalho. Em 2014, quando a classe trabalhadora do DF ainda tinha os direitos garantidos pela CLT, diz ele, havia 159 mil desempregados. Já em 2016, quando as reformas foram aprovadas, eram 290 mil pessoas vivendo a angústia do desemprego. Ele não cita aí as incertezas do governo Dilma, nem a pandemia, mas registra a alta do número dos que não encontram colocação no mercado. “Houve uma recuperação, em 2017, com 279 mil desempregados. Contudo, em 2018, já eram 291 mil, que passaram a ser 296 mil, em 2019; 291 mil, em 2020 e 280 mil, em 2021” cita o ex-deputado, que hoje é diretor para Cooperação Internacional da Fundação Perseu Abramo, um órgão do PT.

Uma guerra ali ao lado

Parece até o conflito surdo entre Rússia e Ucrânia, aquele em que pedaços do território são anexados e ocupados, como a Crimeia, só que fica bem aqui ao lado, em área urbana do Distrito Federal, a 30 quilômetros do Palácio do Planalto. A guerra não declarada se dá entre Arniqueira e Park Way. Jornalista de formação, o ex-candidato a senador Francisco Sant’Anna virou uma espécie de correspondente de guerra e relata as operações. Tudo se escancarou quando apareceu um letreiro em concreto com o nome de Arniqueira, fincado no balão da Estrada Parque Vicente Pires que dá acesso à SMPW, quadra 4, terras do Park Way. Em uma contraofensiva, moradores do Park Way cobriram a instalação com faixa que declara: Aqui é Park Way. O que está em jogo, na verdade, é o padrão de uso das terras.

Questão de normas urbanísticas

“Desde o processo de regularização da nova região administrativa de Arniqueira há um desconforto no bairro vizinho”, avalia Francisco Sant’Anna, “uma vez que Arniqueira, antes pertencente a Águas Claras, incorporou território do Park Way, notadamente áreas verdes ainda existentes nas quadras de 3 a 5”. A ambientalista Mônica Veríssimo, que já fez parte do Conselho de Meio Ambiente do DF, explica que o Park Way é um espaço urbano planejado, que nasceu de forma legal, enquanto Arniqueira é fruto de um fracionamento selvagem de antigas chácaras rurais. O conflito, portanto, envolve o risco de adensamento populacional e agressão ao meio ambiente.

Adensamento

Na demarcação da região administrativa de Arniqueiras uma fração calculada em 918 hectares – isso mesmo, o correspondente a 918 campos de futebol – pode passar para o novo bairro. Mas os padrões de ocupação são muito diferentes. No Park Way, os lotes básicos são de 20 mil metros quadrados e podem ser fracionados em no máximo oito parcelas de 2.500 metros quadrados, com parcela obrigatória de áreas verdes. É um padrão parecido com os das chácaras do Lago Sul e do Lago Norte. Já em território de Arniqueira permitem-se lotes de 125 metros quadrados, com taxa de ocupação de até 80% da metragem. Nada de verde. Traduzindo, um lote no padrão original passaria de oito para cem unidades habitacionais. Isso significa risco de favelização, de destruição de nascentes e de quebra de qualidade de vida. Mas teria também muita gente ganhando dinheiro com isso.
Fulanizar

Só para dar nomes: a administradora regional de Arniqueira é a ex-deputada distrital Telma Rufino, enquanto o administrador do Park Way é Maurício Tomaz da Silva, ligado ao deputado distrital Hermeto, lembra Francisco Sant’Anna.

Exame de ordem

Pesquisa divulgada pelo site jurídico Migalhas revela que entre 790 instituições de ensino superior que oferecem curso de Direito, 86% não conseguem aprovar sequer um terço dos alunos que disputam o Exame de Ordem. Em 679 faculdades, menos de 30% de alunos e ex-alunos que fizeram a prova atingiram nota suficiente para passar no Exame. Na outra ponta, apenas 5,4% das instituições tem pelo menos metade dos alunos aprovados.

Comprando briga

Eleito pelo PSOL, o distrital Fábio Félix está comprando briga com a bancada evangélica. Aliás, mais uma briga. Achou “engraçado” que os deputados evangélicos não disseram nada sobre vítimas de estupro, incluindo crianças, precisarem conviver com seus agressores no IML. Tudo isso quando, segundo ele, os evangélicos “criaram uma fake news sobre um banheiro unissex e conseguiram a demissão do diretor da escola onde teria ocorrido esse incidente”. Ele se referia ao caso do diretor da Escola Classe 01 do Paranoá, exonerado após sofrer acusação de ter criado um banheiro unissex para crianças. O ex-diretor alega que o espaço se destinava apenas à higiene de crianças especiais dependentes.

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