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O turismo agoniza com o avanço do COVID-19

Em meio aos dias mais insanos da nossa breve vida, estamos diante de um cenário de incertezas. É angustiante… não termos ideia do que faremos com os nossos negócios e com todos os nossos colaboradores.

André Perotto & Alfredo Moreira

26/03/2020 15h57

Atualizada 08/05/2020 11h17

Depois de sete anos de portas abertas ininterruptamente, tendo recebido pessoas de mais de 120 países e de todos os estados brasileiros sem nunca ter ficado sem hóspedes, fomos obrigados a fechar as portas. O pior é que não temos nenhuma certeza sobre os próximos dias, na verdade, meses.

Ao conversar com muitos dos meus amigos do trade de turismo, sinto a aflição nas suas vozes, em meio a suspiros e pausas profundas de desespero.

Estou falando de donos de pequenos hotéis, pousadas, hostels e agentes de turismo e viagem que são tão relevantes para a cadeia como as grandes de redes de hospedagem e companhias aéreas. São empresas que têm capital para sobreviverem em média, no máximo, 17 dias fechadas e que geram milhares de postos de trabalho.

Segundo a WTTC (The World Travel & Tourism Council ), 75 milhões de empregos estão em risco na cadeia de viagens e turismo global durante a pandemia do coronavírus. Diariamente um milhão de pessoas são demitidas.

Sabemos que o nosso ramo contribui com 10,4% do PIB mundial e gera um em cada dez empregos. E, ainda, é responsável por 20% da criação de novos postos de trabalho.

Aqui no Brasil, todo o setor emprega cerca de três milhões de pessoas e faturou em 2019, R$ 238,6 bilhões, segundo o Ministério do Turismo. Na última terça-feira, 24 de março, as associações afirmaram que 80% dos hotéis, resorts, parques e atrações turísticas estão fechados. Importante destacar que muitos não abriram por força de decreto, mas sim, por falta de clientes.

Ao contrário de outros setores que sofreram com reduções nas vendas ou na produção, o turismo parou. A nossa indústria não existe nesse momento, apenas seus escombros. Sabemos que o ministério mantém um gabinete de crise permanente e recebe atentamente nossas demandas. No entanto, infelizmente, até agora, nenhuma medida tomada pelo governo impede a falência das empresas do trade.

É com nó na garganta que escrevo. O turismo brasileiro não suporta essa crise financeira. Não falo de prejuízo. É sobre falência e demissão em massa, acabar com mais de 1 milhão de empregos diretos e indiretos. A pandemia nos impede de colocar R$ 31,3 bilhões na economia brasileira.

Nos sete anos de funcionamento da nossa empresa, pagamos os impostos e arcamos com os compromissos empregatícios. São 20 famílias que dependem desse negócio. A única coisa que esperamos é uma medida efetiva que nos permita sobreviver à crise. Diante da morosidade e das disputas políticas, só nos resta ter fé, enquanto assistimos a silenciosa destruição do turismo no Brasil.

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