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Covid-19: O Turista que ninguém quer receber

Pela primeira vez na história o Turismo tem que fechar as suas portas para tentar sobreviver!

André Perotto & Alfredo Moreira

19/03/2020 13h17

Atualizada 22/05/2020 9h30

Quando lançamos a nossa coluna na última semana, convidamos as pessoas para explorarem o cerrado agora, uma semana depois, damos o comunicado mais sensato, por mais louco que pareça, é: “não venha”.

Poderia ser um filme de ficção científica, mas está acontecendo mesmo e bem aqui no planalto central, na nossa cidade, no nosso país e infelizmente em todo o mundo. Uma devastação cometida pela ameaça invisível e implacável do COVID19.

Uma comparação sobre qual setor está sendo mais atingido pela crise certamente é injusta. O fato é que o turismo brasileiro corre um sério risco de sucumbir a essa crise sem precedentes na sua história. Nessa crise global os mais de 53 elos do trade turístico vivem dias terríveis, um verdadeiro cenário de guerra.

Em momentos de crise nosso setor sempre sofre, pois é afetado rapidamente já que as viagens, na maioria das vezes, são os primeiros na lista de cortes de pessoas e empresas. Em outras crises alguns segmentos ainda sobrevivem bem, como o turismo de luxo que conta com uma estabilidade peculiar. Mas dessa vez, seja o resort nas Maldivas ou um hostel familiar de 10 camas, todos foram afetados da mesma forma. De acordo com WWTC (World Travel and Tourism Council), 50 milhões de empregos estão ameaçados.

Pela rede que integramos estamos em contato com hostels em todo o mundo e durante os últimos 15 dias acompanhamos o fechamento de parceiros em diversos países, a exemplo da Itália, Áustria, Bélgica, França, Noruega e a lista só aumenta. Enquanto isso, somos consumidos pelo desespero do que esse momento fará conosco, no Brasil. O fato é que desconhecemos hostels no mundo com reservas para aguentar 3 ou 4 meses sem hóspedes.

O turismo no Brasil depois da recente crise econômica demonstrava sinais de reação, o que gerava um certo otimismo. Somos um setor resiliente e que muitas vezes se mantém e se reinventa sozinho. Mas dessa vez, mais do que nunca, precisamos de apoio governamental, substancial e amplo.

Essa semana recebemos a notícia que os meios de hospedagem de Santa Catarina estão proibidos de receber hóspedes, medida que pode ser replicada em outros estados. Sabemos que o apoio de todo o setor é essencial, já que a prevenção é a única solução para achatar a curva da contaminação. Triste é fazermos isso enquanto não temos perspectivas de como vamos sobreviver.

Aqui em Brasília, por exemplo, o cancelamento de concursos públicos e eventos gerou perdas econômicas inestimáveis, no momento em que nosso segmento começava a se recuperar de sua baixa temporada e se animava com o mês de março.

A cadeia inteira, que inclusive movimenta outros setores como o de bares e restaurantes, está ameaçada e se unindo em suas federações e associações buscando o apoio real do Estado.

Em face de algo nunca vivido esperamos soluções nunca tomadas! Não existe quem ganha ou quem perde, é uma questão de sobrevivência. O trade turístico é grande e formado por um leque amplo de atividades que se sustentam em rede, em escala global, e por isso, muita gente sofre junto.

Pela primeira vez na história o Turismo tem que fechar as suas portas para tentar sobreviver!

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