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Concursando Direito
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Mais uma suspensão de concurso público

Os brilhantes serão ofuscados pelos resilientes

Werner Rech

21/10/2020 20h48

Mais uma suspensão de concurso público

Hoje (21/10/2020) foi publicado no Diário Oficial do Distrito Federal a ordem de suspensão do concurso pública para Analista da Defensoria Pública do Distrito Federal – DPDF. Embora eu sempre tenha me manifestado no sentido de que a normalidade se instauraria ainda em 2020, essa previsão está cada vez mais distante.

Já havia falado sobre assunto similar no longínquo mês de abril de 2020:

Tivemos situação similares nos últimos meses. Dentre essas: Polícia Civil do Estado do Paraná – PCPR e Polícia Civil do Distrito Federal – PCDF. Acredito que nesse ponto do ano e com tais exemplos, os mais otimistas já devem estar mudando de time.

Talvez a conversa não deva ser sobre otimismo ou pessimismo. Temos que encarar as realidades que nos cercam. O ano de 2020 não veio para ser fácil. Você deve estar pensando que a depressão bateu do lado de cá, mas não é isso.

Nesses momentos difíceis é que, em regra, crescemos. O concurseiro está diante de uma oportunidade ímpar, pois, quem não sabia como era fazer um reajuste nos planos de estudos até hoje, teve que aprender na marra.

Por incrível que pareça os ajustes são necessários e quem sabe fazer com tranquilidade ganha muito nos momentos tensos da jornada de estudos. Óbvio que nessa quantidade de ajustes é algo muito fora de uma normalidade, mas quem disse que estamos vivendo tempos normais?

Algo que não me ocorre como uma realidade é que todas essas suspensões sejam o “novo normal”. Muito disso que está acontecendo tem a ver com um medo generalizado. Sendo a natureza racional ou irracional desse medo não é algo discutível, pois a verdade é que sabemos pouco sobre o nosso inimigo microscópico.

Insistentemente vem sendo realizadas incursões pelo ministério público e por pessoas físicas, por meio de ações populares, para que as provas sejam adiadas. Embora toda essa comoções e rearranjos sejam desconfortáveis e as vezes até gerem perdas financeiras, por conta das remarcações de reservas dos bilhetes aéreos e diárias de hospedagens, por outro lado, conferem mais tempo para os estudos com o edital já publicado.

Ou seja, as regras do jogo já estão à disposição. Muito diferente de outros momentos. Normalmente, até faltar pouco mais de três meses para a prova os candidatos ainda tentam prever o que será a nova matéria. Nesse cenário de constantes suspensões, os longos períodos, entre a publicação dos editais e o momento real das provas, favorecem os que conseguirem manter a cabeça no lugar.

Por outro lado, os mais organizados podem sofrer com a incerteza de uma data para as provas. Isso abre oportunidades para os que não estão no topo das listas de aprovações.

Em situações normais, os concurseiros de topo são os mais organizados e que tiveram mais condições de terem as melhores preparações, objetivamente falando. Esses são uma minoria. Talvez você que está lendo isso faça parte dessa minoria. Nesse caso tenho más notícias para você.

Esses tempos difíceis de incertezas pertencem aos que são subjetivamente preparados. Falo daquelas pessoas que sabem apanhar da vida e continuar levantando. Esses se levantam sabendo que vão levar outros tombos, mas com a certeza de que vão continuar levantando.

Conceito comuns para quem gosta de ler os livros de Nicholas Nassim Taleb: antifrágil, cisne negro e iludido pelo acaso. Todos eles me parecem muito apropriados para o momento.

Algo antifrágil se verifica quando as dificuldades ou ambientes hostis tornam esse algo mais forte. Esse é o concurseiro que vai prosperar nesse momento. Aquele que não se abala e toma lições para melhorar no futuro, continuando com a sua jornada.

O cisne negro é algo que ninguém conseguiria prever com todo o conhecimento existe no momento. Embora uma pandemia fosse algo que pudesse ser imaginado (Bill Gates imaginou), os efeitos nos concursos públicos era algo desconhecido.

Já a ilusão criada pelo acaso demonstra que muitas pessoas acabam acreditando que seu sucesso está ligado à sua capacidade objetivamente verificada, mas “existe muito mais coisas entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia” (William Shakespeare).

Diante de tudo isso minha grande aposta de hoje é: Os brilhantes serão ofuscados pelos resilientes.

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