A Pixar se tornou especialista ao trazer alegorias para as suas animações, com inúmeros sucessos, transportando a moral de suas criações em produções realistas como no ótimo “WALL-E” (2008). Mas quando se trata de destacar em suas premissas o que nem sempre está claro como nas emoções de “Divertida Mente” (2015) ou no mais recente “Soul” (2020) que usa as almas como artimanha, mostrando que suas metáforas podem ser ainda mais complexas.
Com o mesmo propósito, chega aos cinemas nesta quinta-feira (22), “Elementos” a primeira comédia romântica do estúdio que traz como protagonistas os elementos naturais como o fogo, a água e o ar. Com uma trama que fala sobre o primeiro amor, questões relacionadas a imigrantes, emoções e burocracia, tudo isso com uma ótima qualidade gráfica. Porém o novo filme chega em um dos momentos mais difíceis da Pixar.
Em uma sociedade extraordinária chamada Cidade Elemento, na qual os quatro elementos da natureza – ar, terra, fogo e ar – vivem em completa harmonia. Na história, somos apresentados à Faísca (fogo, dublada por Leah Lewis), uma mulher espirituosa na faixa dos vinte anos, com um grande senso de humor e apaixonada pela família, mas que tem um temperamento um pouco quente, a jovem acaba conhecendo por ironia do destino Gota (água, dublado por Mamoudou Athie) um jovem empático, observador e extrovertido, que não tem medo de demonstrar suas emoções – na verdade, é até um pouco difícil controlá-las. Juntos eles viverão grandes aventuras, além de tentar encontrar um jeito para ficarem juntos, pois todos sabem que fogo e água não se misturam.
Devido a pandemia, ao sucesso do serviço de streaming da Disney e ao fracasso de bilheteria das últimas animações a Pixar se encontra em um péssimo momento, “Elementos”, por exemplo, já teve a pior estreia nos Estados Unidos desde de “Toy Story” (1995). Isso só piora pois em pouco tempo o filme já chega na plataforma, o que antes era um grande fenômeno ir aos cinemas prestigiar algum lançamento, atualmente se encontra com grandes questionamentos se realmente vale a pena, pagar além do streaming para conferir as produções do estúdio.
Por mais que a trama de “Elementos” fique em volta de clichês como as comédias românticas ou seja duas pessoas completamente diferentes que acabam se apaixonando vai muito mais além, sua principal alegoria, marca registrada de outras produções da Pixar e sobre a imigração e como esses novos ambientes podem ser difíceis de se acostumar ou até mesmo ter sucesso. E mesmo o enredo deixando claro o tempo todo que as emoções da protagonista serão o principal foco, eles usam da burocracia, em relação da empresa da família da personagem algo mais realista sobre problemas reais que muitas pessoas têm para manter os seus negócios. O dilema da produção é mais sutil com metáforas mais elaboradas que mantém uma conexão mais profunda com a história.
Outro ponto forte que pode influenciar negativamente as novas produções do estúdio, são as mesmas histórias contadas de novas maneiras, o novo longa-metragem, dirigido por Peter Sohn, pode e vai lembrar, “Red: Crescer É uma Fera” (2022), mais uma vez falando sobre a família, os próprios sonhos dentro dessa questão da imigração. Além de gerar certo incômodo em relação a ambientação a cidade, por exemplo algumas árvores falam, outras só estão ali paradas, isso não foi explicado e pode gerar sim algumas dúvidas.
Bom falou em Pixar, falou em uma bela trilha sonora, Thomas Newman conhecido por “Procurando Nemo” (2003), “WALL-E” (2008) e várias outras produções, cria uma trilha embalada por sons minimalistas, com muitos coros e vozes de fundo. Já a qualidade gráfica está impecável com o design dos personagens até a composição visual é um espetáculo à parte.
Conclusão
“Elementos” entrega uma história já conhecida, com alguns clichês das comédias românticas, mas com ótimas metáforas que se alinham com sutileza a trama, além de uma grande trilha sonora com uma ótima qualidade gráfica. O longa ainda se torna o primeiro filme do estúdio a ter um personagem não-binário. O termo refere-se às pessoas que não se identificam com o gênero feminino, nem com o gênero masculino e, portanto, estão fora da cisnormatividade.
Vale a pena conferir nos cinemas!
Confira o trailer:
Ficha técnica:
Direção: Peter Sohn;
Roteiro: John Hoberg, Kat Likkel, Brenda Hsueh;
Elenco: Leah Lewis, Mamoudou Athie, Ronnie del Carmen, Shila Ommi, Wendi McLendon-Covey, Catherine O’Hara, Mason Wertheimer, Joe Pera, Matt Yang King;
Gênero: Animação, Comédia Romântica;
Distribuição: Walt Disney Studios Motion Pictures;
Duração: 110 minutos;
Classificação Indicativa: Livre;
Assistiu à cabine de imprensa a convite da Espaço/Z
