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Cinema com ela
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“Noites Alienígenas” faz paralelo entre suspense, ficção científica e a Amazônia urbana

Novo longa nacional do diretor Sérgio de Carvalho estreia nesta quinta-feira (30)

Tamires Rodrigues

30/03/2023 5h00

Atualizada 29/03/2023 11h48

Gleici Damasceno e Gabriel Knoxx em “Noites Alienígenas” – Foto: Divulgação/Vitrine Filmes

Filmes que abordam o espaço sideral estão começando a ganhar espaço no cinema nacional. A temática é pouco explorada nas telas brasileiras, mas temos de exemplo o excelente “Marte Um” (2022), do diretor Gabriel Martins. Nestes moldes, estreia, quinta-feira (30), “Noites Alienígenas”. Dirigido pelo estreante em longas Sérgio de Carvalho, a produção é a primeira do Acre a chegar aos cinemas nacionais abordando o tema de forma mais metafórica.

Rivelino (Gabriel Knoxx), Sandra (Gleici Damasceno) e Paulo (Adanilo), três amigos de infância que cresceram na periferia de Rio Branco, capital do Acre, se reencontram a partir de uma tragédia em comum. Em um contexto trágico, o longa apresenta a periferia da Amazônia urbana e as fronteiras entre cidade e floresta utilizando elementos do realismo fantástico, abordando os conflitos de uma sociedade em transformação e impactada de forma violenta com a chegada do crime organizado.

Chico Diaz e Gabriel Knoxx em “Noites Alienígenas”. Foto: Divulgação/Vitrine Filmes

O roteiro de “Noites Alienígenas” é inspirado na obra de mesmo nome do também diretor Sérgio de Carvalho em colaboração com Camilo Cavalcanti e Rodolfo Minari. São muitos acertos na história, mas um dos maiores, sem dúvida nenhuma, é centralizar a narrativa abordada em três personagens de raças diferentes, mostrando a diversidade do Brasil e como uma só questão pode ser vista de maneira diferente pelo homem branco, negro e indígena. Sérgio de Carvalho foi assertivo na escolha de elenco ao selecionar atores indígenas para os devidos papéis. A cena de desintoxicação retratada pelos povos indígenas mostra a realidade de como substâncias sintéticas chegam às aldeias e como a sabedoria ancestral pode ajudar os jovens.

Sérgio de Carvalho se inspira na realidade de diversos jovens no lado urbano da Amazônia, retratando um ambiente esquecido tanto pelo governo quanto pela própria sociedade, além de apresentar uma visão do cinema nacional relativamente nova, pois as produções brasileiras quase sempre são centradas no eixo Rio-São Paulo. Mesmo com a trama se desenrolando de maneira ficcional, toda a história e seus eventos permitem serem levados ao mundo real, visto que muitas facções de tráfico estão cada dia mais comuns no norte do país. 

Adanilo na pele de Paulo – Foto: Divulgação/Vitrine Filmes

As atuações de “Noites Alienígenas” são cativantes e verdadeiras. O trio de protagonistas Gabriel Knoxx, Gleici Damasceno e Adanilo se entrega por completo para a trama. Suas conexões, dores e angústias representam uma realidade comum de jovens muitas vezes sem visibilidade no cinema. Já o veterano Chico Diaz, que interpreta o traficante de bom coração Alê, está ótimo em cena e dá um bom suporte para os estreantes. 

Conclusão

“Noites Alienígenas” entrega uma história muito assertiva e necessária com grandes atuações. O filme foi o grande vencedor do Festival de Gramado de 2022 e levou 5 kikitos: melhor longa-metragem brasileiro, ator (o estreante Gabriel Knoxx) ator coadjuvante (Chico Diaz), atriz coadjuvante (Joana Gatis) e o troféu da crítica. Recebeu também uma menção honrosa pela atuação de Adanilo. 

Confira o trailer:

Ficha técnica:

Direção: Sérgio de Carvalho;

Roteiro: Camilo Cavalcante, Rodolfo Minari e Sérgio de Carvalho;

Elenco: Gabriel Knoxx, Adanilo, Gleici Damasceno, Chico Diaz, Joana Gatis, Chica Arara, Bimi Huni Kuin, Duace;

Gênero: Drama;

Distribuição: Vitrine Filmes;

Duração: 91 minutos;

Classificação Indicativa: 16 anos;

Assistiu à cabine de imprensa a convite da Sinny Assessoria

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