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Cinema com ela
Cinema com ela

“A Paixão Segundo G.H.” é um monólogo poético sobre o feminino

Maria Fernanda Cândido está radiante como a personagem mais complexa de Clarice Lispector

Tamires Rodrigues

11/04/2024 5h00

Foto: Divulgação/Paris Filmes

Olha, se existe uma tarefa difícil para o audiovisual, sem dúvida alguma seria criar uma versão cinematográfica da obra mais complexa de Clarice Lispector, “A Paixão Segundo G.H.”. Para quem leu um dos melhores livros nacionais, sabe que o enredo tem possibilidades que não facilitam para a sétima arte.

Mas indo contra as estimativas, nesta quinta-feira (11), o longa estreia com direção de Luiz Fernando Carvalho e protagonizado pela maravilhosa Maria Fernanda Cândido, que incorpora com maestria as nuances mais íntimas de uma mulher branca e privilegiada e acaba tendo uma epifania.

Foto: Divulgação/Paris Filmes

No Rio de Janeiro, em 1964, e após o fim de uma paixão, G.H. (Maria Fernanda Cândido), uma escultora de elite, decide arrumar seu apartamento, começando pelo quarto de serviço. No dia anterior, a empregada pediu demissão. No quarto, G.H. se depara com uma enorme barata que revela seu próprio horror diante do mundo, reflexo de uma sociedade repleta de preconceitos contra os seres que elege como subalternos. Diante do inseto, G.H. vive sua via-crúcis existencial. A experiência narra a perda de sua identidade e a faz questionar todas as convenções sociais que aprisionam o feminino até os dias de hoje.

O diretor Luiz Fernando Carvalho convida o espectador a adentrar profundamente na obra de Clarice, seu texto está presente em todos os momentos, com uma trilha sonora imersiva que mantém a atenção viciante para o desfecho da coadjuvante.

Foto: Divulgação/Paris Filmes

Não podemos nos enganar, o longa não é para todos, pelo contrário, agradará o fã da escritora, principalmente para aqueles que já leram o livro que inspirou a produção.

Com roteiro coescrito por Melina Dalboni e Carvalho, pode-se entender que a maestria de Clarice está no filme, você quase enxerga ela. A montagem e fotografia são um espetáculo visual, com um tom vintage ambos remetem à feiura das classes privilegiadas e sem consciência.

Foto: Divulgação/Paris Filmes

Maria Fernanda Cândido está estupenda, a atriz narra a história como contadora de sua vida. Ela muitas vezes usa o corpo para se expressar de tal maneira que fica impossível não mergulhar em suas questões mais complexas. Ela está em constante pânico à procura de sua coadjuvante e isso não passa quando a encontra.

Conclusão

Uma trama que não tem fim, do corpo feminino, das questões mais obscuras de uma mulher. Clarisse usou com a escrita o que Carvalho e Dalboni usaram com as palavras. Não é uma descrição como um audiolivro, não! É algo que chega ao seu resultado da melhor maneira possível.

Confira o trailer:

Ficha Técnica                       
Direção: Luiz Fernando Carvalho; 
Roteiro: Luiz Fernando Carvalho e Melina Dalboni;
Elenco: Maria Fernanda Candido e Samira Nancassa;
Gênero: Drama;
Duração: 126 minutos;
Distribuição: Paris Filmes; 
Classificação indicativa: 12 anos;
Assistiu à cabine de imprensa a convite da Espaço Z e Sinny Assessoria 

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