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Ciência da Psicologia
Ciência da Psicologia

Somos seres eminemtemente criativos ou enimentemente emocionais?

Vou tentar explicar o motivo de não ter sentido algum o mito que diz que um dos lados de nosso cérebro é emocional e outro racional

Demerval Bruzzi (CRP 01/21380)

13/12/2022 13h27

Foto: Reprodução

Vou tentar explicar o motivo de não ter sentido algum o mito que diz que um dos lados de nosso cérebro é emocional e outro racional, isto é, se somos mais emocionais é porque trabalhamos mais com o lado esquerdo do cérebro e se somos racionais com o direito. Uma das maiores falácias da profissão — que vem sendo constantemente replicada por diversos psicólogos — é que temos um lado de nosso cérebro responsável 100% pela criatividade, e outro absolutamente responsável pela emoção. Assim, consequentemente seríamos seres emocionais ou criativos.

Fora o fato de não ter sentido algum tal premissa, ainda temos atualmente ,graças ao desenvolvimento da neurologia e a tecnologia, exames de neuroimagens que claramente comprovam a falácia propagada por pregadores da mágica do sucesso.
Primeiro, precisamos entender que padrões de adaptação comportamental, bem como esquemas de representação e/ou classificação da forma como entendemos o mundo ao nosso redor, podem ser derivados não só da autoobservação, mas também da observação de outrem a nosso respeito. Assim, como agimos na presença das “coisas”, no seu contexto sempre variável e geralmente social é o que estas “coisas” significam para nós, mesmo antes de uma categorização objetiva. Ou seja, tendemos a ter uma percepção de nós mesmos muito mais pelo meio social do que por nós mesmos.

Desta forma, podemos ter crescido ouvindo constantemente: “Este menino é muito criativo”, ou “Esta menina é muito racional, vai ser difícil agir criativamente”.

Sabemos hoje que o hemisfério direito, em sua parte frontal, é especializado na resposta à punição e ameaça, e as lesões neste mesmo hemisfério prejudicam nossa capacidade de detectar padrões e entender o significado de histórias. Mesmo assim, seria um exagero, com o conhecimento atual, sugerir que as capacidades emocionais, imagéticas e narrativas do hemisfério direito desempenham um papel-chave da transformação de algo novo e complexo em algo inteiramente compreendido.

Quando encontramos algo novo, temos a tendência a gerar fantasias imagéticas sobre a natureza potencial que este algo pode ter ou vir a ter. Isso, a grosso modo, significa que tentamos determinar como este “algo” pode estar, ou não, relacionado a algo que já conhecemos.

A capacidade especializada do hemisfério direito, no exemplo dado, parece permitir que ele transforme as repetidas observações de padrões de observação que o hemisfério esquerdo conegue organizar, com cada vez mais lógica e detalhe, transformando em histórias dada sua maior acuidade verbal. Neste caso entendemos por história um mapa de significados, uma “estratégia” para regulação emocional e consequentemente produção comportamental.

A explicação anterior deixa claro que temos áreas distintas processando diversas informações em significado para que possamos agir de acordo com o contexto em que nos encontramos. Nosso cérebro é um conjunto, onde cada fração age de forma independente, e não um loteamento.

O hemisfério direito, ativado pelo desconhecido e capaz e gerar padrões com rapidez, fornece a imageria inicial (conteúdo) para a história. Por sua vez o hemisfério esquerdo fornece a estrutura e comunicabilidade para os padrões gerados pelo hemisfério direito.
Isso ocorre por exemplo quando assistimos e interpretamos uma peça de teatro, ou vemos um quadro e tentamos compreende-lo, lemos um romance, etc.

É claro que temos ainda mais alguns componentes, como o hipocampo da amígdala, que completa todo o processo.
Mas como a ideia inicial desta columa é procurar trazer um pouco mais de ciência à psicologia, evitando os gurus e motivando a exploração por parte do leitor de novos conteúdos, sugiro a leitura de Mapas do Significado de Jordan B. Peterson.

Até a próxima…

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