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Ciência da Psicologia
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Psicologia e TI: união vital e desafiadora

Se você é fã de tecnologia e não desgruda das redes socais, entenda por que a psicologia tem tudo a ver com as novas ferramentas.

Demerval Bruzzi (CRP 01/21380)

05/04/2024 7h00

Atualizada 04/04/2024 20h16

Vício em celular, smartphones e redes sociais.

Dando continuidade ao diálogo iniciado após mesa redonda na faculdade Unieuro, vamos falar, esta semana, sobre a integração entre psicologia e a tecnologia da informação (TI).

Desde o surgimento dos primeiros computadores, os psicólogos têm se interessado em compreender como as pessoas interagem com a tecnologia. Isso inclui estudos sobre usabilidade, design de interfaces, experiência do usuário, entre outros.

Vivemos em um mundo tecnológico em constante evolução, onde lançamentos na área impactam diariamente milhares de pessoas, muitas vezes ameaçando seus postos de trabalho tradicionais, como caixas, frentistas e até psicólogos.

Entender esse fenômeno é uma responsabilidade da psicologia. Em um primeiro momento, você pode estar pensando no mercado de trabalho devido ao meu comentário anterior, correto? Mas pense na angústia dos criadores de tecnologia. A cada novo lançamento, tais profissionais já precisam estar pensando no próximo lançamento, perpetuando um ciclo incessante de “impacto emocional da inovação”.

É uma espiral sem fim, um processo que adoece tanto o criador como o consumidor. A cada dia, novidades tecnológicas aportam no mercado, criando desejos nem sempre necessários, mas que impulsionam o consumo, gerando prazer em seus compradores, muitas vezes com a mesma intensidade das substâncias psicoativas. E mais: há, ainda, outras áreas que merecem o estudo da psicologia como a psicologia cibernética, que investiga a interação entre seres humanos e sistemas tecnológicos, explorando como os indivíduos percebem, interpretam e respondem aos estímulos digitais.

Mas nem tudo é conflitante ou preocupante nesse mundo de interseção entre fenômenos psicológicos e tecnologias. Vejam por exemplo as novas formas de intervenção psicológica, como aplicativos de terapia online, chatbots terapêuticos e realidade virtual para tratamento de fobias e transtornos de ansiedade. São elementos de suporte ao acompanhamento e, cada vez mais, ganham espaço nos consultórios de todo o mundo.

A realidade virtual, por exemplo, oferece uma abordagem inovadora para tratar diferentes fobias, como pânico de elevador, avião ou mesmo de insetos, utilizando apenas óculos de realidade virtual. Acredito que é uma forma de dessensibilização mais eficaz que a exposição física e/ou visual aos estímulos temidos, sobretudo quando se trata de insetos, em especial as baratas e aranhas.

Terapia com uso de realidade virtual.
Terapia com uso de realidade virtual.

Brincadeiras à parte, é de suma importância percebermos os ganhos com a intersecção entre a psicologia e a tecnologia. Aparelhos de Biofeedback, Cardiofeedback, Neurofeedback têm se mostrado auxiliares preciosos em diversas áreas da psicologia, da área esportiva até a clínica.

No entanto, ainda enfrentamos desafios significativos, como a desigualdade digital, que afeta não apenas os pacientes, mas também os próprios psicólogos, devido ao alto custo de equipamentos especializados, que os aparelhos podem chegar a R$ 19 mil, como é o caso de um equipamento para mapeamento cerebral baseado no EEG – eletroencefalograma.

Terapia online.
Terapia online.

Já a terapia online – nem sempre utilizada de forma correta pelos psicólogos e pacientes – levanta questões éticas sobre privacidade, confidencialidade e segurança dos dados. Tratarei sobre esse assunto com mais cuidado em uma outra coluna. Por outro lado, a avaliação psicológica online oferece rapidez e precisão na correção de testes, ampliando as possibilidades de novas pesquisas a partir dos resultados avaliados até o acompanhamento “ao vivo” de sensações, percepções, comportamentos e o estado emocional das pessoas, fornecendo insights valiosos para estudos e práticas clínicas.

Não há mais como fugir desse assunto: a tecnologia permite o desenvolvimento de intervenções psicológicas personalizadas, adaptadas às necessidades individuais dos pacientes. Mas há assuntos que demandam um olhar muito presente da psicologia, como a dependência excessiva de dispositivos eletrônicos e redes sociais, especialmente entre os mais jovens, levando a incidência de problemas de saúde mental, como ansiedade, depressão e isolamento social.

Stress provocado pelo excesso de uso das redes sociais.

O assunto é tão grave e emergencial que, na Flórida (EUA), foi assinada, no último dia 25 de março, uma lei proibindo menores de 14 anos de terem acesso às redes sociais a partir de 1º de janeiro de 2025, quando entrará em vigor. Segundo o regulamento, as plataformas são obrigadas a encerrar imediatamente as contas utilizadas por adolescentes nessa faixa etária, independentemente da permissão dos pais. Além disso, as empresas devem cancelar contas a pedido dos pais ou dos próprios menores, com a eliminação de todas as informações associadas a elas.

Uso de smartphones por crianças.

Como abordado, a intersecção entre psicologia e informática oferece um terreno fértil para a inovação e o avanço na compreensão e tratamento dos problemas de saúde mental. No entanto, também enfrentamos desafios significativos que exigem uma abordagem ética e cuidadosa.

De forma colaborativa, psicólogos, profissionais de informática e pesquisadores podem aproveitar as oportunidades oferecidas por essa integração e melhorar a qualidade de vida das pessoas em todo o mundo, ou simplesmente procurar compreender os fenômenos psicológicos que podem existir na dinâmica do jogo da vida, o autômato desenvolvido por Horton JOHN CONWAY,em 1970.

Até a próxima…

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