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Analice Nicolau
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XP mantém projeção de inflação para 2022 em 7%

Medidas econômicas do mercado interno e externo contribuirão para a desinflação no curto prazo, mas devem trazer reflexos para 2023

Analice Nicolau

29/08/2022 13h00

A especialista alerta que apesar de incentivar o consumo, os estímulos fiscais refletem diretamente na projeção de inflação para 2023

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto alcançou a margem de -0,73%, a menor taxa da série histórica, iniciada em 1991, eXP acumula alta de 5,02% no ano. É o segundo mês consecutivo de “desinflação”, com destaque para a queda no grupo dos Transportes (-5,24%), Habitação (-0,37) e Comunicação (-0,30). Conforme aponta análise da XP Inc., o cenário de redução da inflação deve permanecer nos próximos meses, impulsionado, principalmente, pela queda adicional no preço da gasolina e pela desaceleração de preços de bens industriais, relacionados ao recuo dos preços internacionais de commodities e insumos para o nível anterior à guerra.

Vanessa Thomé, líder regional da XP Inc. no Centro-Oeste.


Desde o mês de junho, a instituição revisou a projeção para o IPCA de 2022, saindo de 9,2% para 7,0%, movimento que se mantém. “O IPCA-15 alcançou algumas taxas históricas ao longo deste ano e desde o mês passado registra queda no resultado mensal. Apesar da deflação no curto prazo, a queda dos preços fica concentrada em poucos itens e não alcança setores essenciais aos consumidores como a alimentação, por exemplo, que corresponde a maior parte das despesas das famílias. A expectativa é que os preços de bens industriais e serviços devem desacelerar, mas ainda permanecer elevados por conta dos custos pressionados e da demanda estimulada por programas de transferências governamentais de renda”, explica Vanessa Thomé, líder regional da XP Inc. no Centro-Oeste.


A especialista alerta que apesar de incentivar o consumo, os estímulos fiscais refletem diretamente na projeção de inflação para 2023. “O aumento dos gastos do governo, especialmente via transferência de renda, deve sustentar o consumo e pressionar as expectativas de inflação. Dessa forma, elevamos a projeção de inflação de serviços para o ano que vem, de 6,5% para 7,2%, já considerando que a política monetária deverá ficar mais restritiva no ano, e também dos bens administrados (medicamentos, planos de saúde e transporte coletivo) de 6,7% para 7,7%”, afirma Jéssica, destacando que a projeção do IPCA para o próximo ano foi revista passando de 5,0% para 5,5%.

Riscos crescentes à economia no ambiente global
No cenário global, o risco de recessão se intensifica com o fechamento dos resultados do segundo trimestre. As principais economias do país vivem um ambiente desafiador. Nos Estados Unidos, o recuo do PIB nos dois primeiros trimestres marca uma recessão técnica e o Fed (Banco Central dos EUA) deve levar as taxas de juros para o campo contracionista em suas próximas reuniões. Enquanto o PIB chinês apresentou desempenho pior que o esperado e mesmo com o pacote de estímulos fiscais apresentados pelo governo não deve alcançar a meta de crescimento anual de 5,5% – a projeção da XP é uma expansão de 3,2% no ano. Já na Zona do Euro as perspectivas para o médio prazo são preocupantes, devido às incertezas em relação ao fornecimento de gás russo – ainda em guerra com a Ucrânia – à medida que o inverno se aproxima, e ao impacto de uma política monetária mais restritiva.

A especialista alerta que apesar de incentivar o consumo, os estímulos fiscais refletem diretamente na projeção de inflação para 2023

“Os movimentos da atividade econômica global têm seus reflexos no mercado interno e, diante de tantas incertezas, as perspectivas para os ativos latino-americanos pioraram. Os preços internacionais das commodities caíram nas últimas semanas, refletindo a desaceleração da demanda global. Apesar de nossas expectativas de que as cotações das commodities permanecerão elevadas ao longo do ano, a queda na margem combinada com o aumento da aversão ao risco global enfraquece as projeções de um desempenho sólido dos ativos da América Latina em 2022. Além disso, para alguns países da região, incertezas políticas domésticas e a deterioração das contas correntes são fatores agravantes”, pontua Vanessa.

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