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Analice Nicolau
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Storm, o brasileiro que invadiu a NASA explica o que é ser um hacker do bem

“O hacker ajuda reportando problemas de sistemas”, afirma Wanderley Abreu Jr

Analice Nicolau

18/08/2023 9h00

Atualizada 17/08/2023 21h45

Wanderley Abreu Jr, o Storm, brasileiro que é referência no mundo dos hackers

O termo “hacker” ganhou evidência novamente nas últimas horas. Geralmente associado a práticas ruins, essa expressão não necessariamente significa algo maléfico. Wanderley Abreu Jr, o Storm, brasileiro que invadiu a NASA, explica o que é ser um hacker do bem.
Storm é o hacker brasileiro que ficou famoso por acessar o sistema da NASA aos 17 e aos 20 anos. Além disso, identificou mais de 200 pedófilos como parte da Operação Catedral-Rio, a primeira contra pedofilia online feita no Brasil, em 2014. Uma capacidade aflorou em um período de rebeldia.


“Revolta de adolescente! Uns pichavam, outros eram lado A, lado B, funk. Eu virei hacker! Não era muito bom de porrada, resolvi espancar sistemas. Acho que me definiu como profissional e também me deu Know How para fazer do meu hobby a minha profissão. Também serviu para que as pessoas do meio me conhecessem e me indicaram para o Ministério Público para a Operação Catedral, por exemplo”, conta Storm.
Perguntado sobre uma definição sobre o que é um hacker, Wanderley, que é formado em Engenharia Mecatrônica e Sistemas da Informação, é direto: “Um hacker procura e explora falhas de sistemas com objetivos diversos”. Diante desta afirmação, ele acrescenta a origem do termo. “Surgiu no MIT para os alunos que utilizavam “hacks” , não necessariamente digitais, para obter notas melhores. Por exemplo, conseguir a prova com um dia de antecedência, etc.”, explica.
Storm destaca, porém, que um hacker hoje é muito mais que um invasor de sistemas. “O hacker hoje é uma pessoa treinada que entende de programação de sistemas, infraestrutura e, por que não, de gente. Ele explora as vulnerabilidades individuais ou em conjunto para obter ou alterar uma informação que não foi autorizado a tal”, diz.
Mas e a fama de hacker não ser o “mocinho” da história? Wandeley explica que muitas vezes um hacker é sim o lado do bem: “Isso [obter informações restritas] pode ser feito de forma legal ou ilegal. O hacker ajuda reportando problemas de sistemas”.
Para se ter uma ideia da importância que um hacker pode ter quando atua de forma legal, Storm recentemente fez parte da equipe de comunicação do projeto Mars2020 da NASA, que pousou com sucesso o Rover Perseverance na superfície de Marte, em fevereiro de 2021.


Apesar de poder atuar na legalidade, Wanderley ressalta que, no Brasil, isso pode ser mais complicado do que parece. “Você hackear um sistema para obter informações de um crime de pedofilia por exemplo, no Brasil é um crime na mesma, embora altamente justificável. Hoje o hacker ético enfrenta uma série de problemas por conta da legislação brasileira. Mesmo a polícia não pode explorar um bug para obter provas contra um pedófilo, por exemplo”, conta.
Por conta disso, Storm faz uma forte afirmação: “às vezes o hacker tem que atuar de forma anônima para denunciar um crime grave e não ser punido”.
Por fim, Wanderley, o Storm, define o que, para ele, é ser um hacker. “Acho que o Hacker busca o conhecimento e ajuda a difundir a verdade”, pontua.

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