O Hospital de Olhos de Cuiabá (HOC), é responsável por quase todos os transplantes de córnea realizados no Estado do Mato Grosso, com 99% dos procedimentos. Esse volume é creditado ao Banco de Olhos do município, inaugurado em outubro de 2007, dentro do complexo hospitalar.
“Antes da inauguração do banco, quem pudesse pagar pela cirurgia tinha que arcar também com os custos da importação da córnea dos Estados Unidos, o que encareceria demais todo o processo. Além disso, o SUS não cobria o transplante e o Estado tinha que subsidiar as demais despesas”, recorda Alexandre da Silva Roque, coordenador técnico do banco de olhos de Cuiabá.
Hoje, o HOC realiza, em média, 20 transplantes por mês e colocou o Estado do Mato Grosso em quarto lugar no ranking nacional de transplantes de córnea, de acordo com a Revista Brasileira de Transplantes, editada pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).
Da captação da córnea à recuperação do paciente
A Central de Transplantes de Mato Grosso coordena a fila de pacientes que aguardam por uma córnea, que são captadas e entregues para o estado para posteriormente serem passadas aos pacientes para a cirurgia, que é reembolsada pelo SUS. O tempo médio de espera é de 8 meses, com aproximadamente 250 pacientes na fila.
A média mensal de doações de córneas é de 18 a 20 e uma parceria com a secretaria de segurança pública também possibilita um volume de captação dentro do instituto médico legal. Com autorização dos familiares ou autorização prévia do doador, as córneas são captadas. Por ser um tecido, a córnea deve ser transplantada em até quatorze dias após a preservação, processo que é feito logo em seguida de sua captação. A recuperação total após o transplante de córnea demora aproximadamente um ano.
“Na cirurgia convencional são necessários de 16 a 24 pontos, os quais são retirados seriadamente. Inicialmente é necessário um tempo de quatro a seis meses para cicatrização e só depois desse prazo vamos verificar e retirar alguns pontos a cada avaliação mensal. Por isso o prazo de recuperação visual é longo”, acrescenta Alexandre.
Técnicas modernas com o transplante apenas da camada comprometida da córnea, os transplantes lamelares anteriores e posteriores, têm sido cada vez mais empregadas, possibilitando um tempo de recuperação pós-operatório mais rápido e um melhor resultado visual.