Com o tema “Diagnóstico Precoce – Novas Fronteiras, Novas Possibilidades”, a Associação Brasileira de Alzheimer – Regional São Paulo (ABRAz-SP) se coloca no papel de trazer para o centro da discussão os novos conhecimentos sobre a demência. A 5ª edição da Jornada Paulista de Alzheimer busca levar informação de forma abrangente e gratuita aos profissionais de saúde, familiares e cuidadores de pacientes com demência. “Traremos à baila, todos os aspectos do diagnóstico, mais especificamente do diagnóstico precoce, abordando os conceitos, exames, os desafios do cenário atual”, afirma a presidente da ABRAz-SP e médica geriatra, Celene Queiroz Pinheiro de Oliveira.
Em decorrência de um diagnóstico precoce, os progressos de entendimento e lida com a doença ganharam novos contornos. Como o paciente ainda preserva a cognição e entendimento da doença, questionamentos sobre o tratamento tornam-se relevantes. “Nestes casos, o paciente não pode ser tratado como coadjuvante pela família ou justiça. Ele tem autonomia para as decisões sobre o próprio futuro”, diz Celene.
Evento
A jornada online, que acontece no próximo sábado (17), das 8h às 12h, será dividida em duas salas com palestras. A sala interdisciplinar irá abordar os aspectos éticos ao apresentar o diagnóstico ao paciente e a família e ainda a maneira mais apropriada de se planejar o tratamento, considerando questões jurídicas, trabalhistas, financeiras e emocionais. Já a sala exclusiva para médicos trará inovações e conhecimento científico – fruto de estudos e pesquisas para entender como a Doença de Alzheimer se desenvolve.
A aula inaugural trará conceitos sobre: como, quando e para que se busca o diagnóstico precoce de Doença de Alzheimer com o médico neurologista norte-americano, Kirk Daffner, chief, Division of Cognitive and Behavioral Neurology Director, Center for Brain/Mind Medicine e Virginia Wimberly Professor of Neurology, Harvard Medical School, autor de livros como “Improving Memory: Understanding Age-related Memory Loss” (Melhorando a Memória: Entendendo a Perda de Memória Relacionada à Idade).
A pergunta: “Cognição ou comportamento? Quais são os sintomas iniciais da doença de Alzheimer” será o tema que o médico neurologista, Fabricio Ferreira de Oliveira, irá debater com os participantes no evento. “As barreiras para o diagnóstico precoce no Brasil”’ será o tema que o médico neurologista, professor titular da Faculdade de Medicina da UFMG e coordenador do Conselho Consultivo da The Alzheimer’s Association International Society to Advance Alzheimer’s Research and Treatment (ISTAART), Paulo Caramelli, irá abordar na terceira palestra do dia.
Os médicos Artur Coutinho (especialista em medicina nuclear) e Lucas Francisco Botequio Mella (psiquiatra) irão esclarecer sobre a importância dos dados biomarcadores identificáveis em exame de imagem e sangue na investigação diagnóstica. Encerra as atividades da sala dos médicos a palestra “Aspectos psicológicos do diagnóstico precoce”, com a psicóloga e ex-presidente da ABRAz, Fernanda Gouveia, que discutirá os pontos positivos e negativos do diagnóstico precoce como aceitação e o sofrimento psicológico a que paciente e família ficam expostos.
O princípio da Doença de Alzheimer
Os primeiros sinais da Doença de Alzheimer e outras patologias neurodegenerativas podem ser alterações de comportamento ou transtornos de humor. “Conhecendo melhor as marcas registradas (biomarcadores) dessas doenças e a partir delas foram estabelecidos novos critérios diagnósticos”, diz o médico neurologista e diretor científico da ABRAz-SP, Fábio Henrique de Gobbi Porto.
Medicamento
A primeira droga com ação modificadora da doença de Alzheimer, o aducanumabe, foi aprovada em caráter emergencial pelo FDA (agência estadunidense que regulamenta medicamentos e alimentos), sob grande polêmica. No Brasil, a ANVISA barrou a chegada da medicação no início deste ano. “No entanto, outras tantas estão em vias de terem seus estudos divulgados e prontamente serão submetidas a análise dos órgãos competentes”, diz Celene.
Processos
O vice-presidente da ABRAz-SP, o médico geriatra Jean Pierre de Alencar, ressalta que há uma avidez por soluções melhores com relação às demências, pois o último lançamento para o tratamento da doença de Alzheimer ultrapassa 20 anos.
Dados do relatório da Alzheimer’s Disease International (ADI) apontam que o Alzheimer representa a sétima causa de mortalidade globalmente e uma das mais longas e de alto custo. “E o mais preocupante, esses números tendem a ser ainda maiores nos países com baixo desenvolvimento socioeconômico” diz Jean Pierre.
A ADI estima que apenas 25% dos casos de demência são diagnosticados. Em países de baixo desenvolvimento, o número representa menos de 10%, mostrando a importância de se falar sobre assunto e alertar a população, pois dados do mesmo relatório mostram que duas em cada três pessoas ainda acham que o declínio cognitivo seja natural do envelhecimento – isso mesmo entre os profissionais de saúde.
A programação completa pode ser acessada clicando aqui.