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Analice Nicolau
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Dia do Orgulho: comunidade LGBTQIA+ não se sente à vontade na maioria das empresas, especialista explica

A Psicóloga Fátima Macedo, CEO da Mental Clean, pontua como esse incômodo no trabalho afeta a saúde mental dessas pessoas especificamente

Analice Nicolau

28/06/2023 17h00

Comunidade LGBTQIA+, estimada entre 18 milhões de pessoas no Brasil, sofre preconceito nos ambientes de trabalho

No Brasil, a comunidade LGBTQIA+ está estimada em pelo menos 18 milhões de pessoas assumidamente. Número esse que poderia contribuir para o PIB nacional, mas a maioria não trabalha por discriminação ou preconceito das empresas, segundo levantamento conjunto da Dieese e da CUT São Paulo, feito em 2019. Após o período de pandemia, que agravou ainda mais esse número, além de trazer transtornos de saúde mental a toda a população, as pessoas dessa comunidade que estão no mercado de trabalho formal têm dificuldade para se encontrar em um ambiente profissional que a acolha.

De acordo com um estudo da ONG Out Now, são gastos anualmente cerca de R? 1,4 bilhão pelas empresas brasileiras só com a rotatividade de funcionários LGBTQIA+ insatisfeitos com o ambiente de trabalho. “Não basta a empresa oferecer uma vaga afirmativa para a diversidade, se ela não possui uma cultura interna capaz de acolher e incluir aquele colaborador ou colaboradora junto à equipe”, explica Fátima Macedo, psicóloga e CEO da Mental Clean, consultoria especializada em saúde mental do trabalhador.

Em 2017, o escritório da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos lançou o Padrão de Conduta para Empresas no enfrentamento à discriminação contra pessoas LGBTQIA+. O documento previa os cinco compromissos das organizações pela igualdade: sempre respeitar os direitos humanos de funcionários, clientes e membros desta comunidade; acabar com a discriminação contra os funcionários LGBTQIA+; apoiá-los no ambiente de trabalho; tampouco discriminar clientes, fornecedores e distribuidores desta comunidade, além de insistir que seus parceiros de negócio também não discriminem; defender os direitos humanos das pessoas LGBTQIA+ nas comunidades onde realizam seus negócios.

Para Fátima Macedo, estes princípios indicados pela ONU são fundamentais e básicos para qualquer empresa começar a construir um ambiente de inclusão e igualdade para a comunidade LGBTQIA+:“É preciso falar sobre esse assunto nas organizações e, mais do que nunca, sensibilizar suas lideranças e seus profissionais, rompendo preconceitos que, muitas vezes, são inconscientes e decorrentes de estereótipos e estigmas que estão enraizados na sociedade”, explica a psicóloga, que complementa esclarecendo que “essa discriminação expõe a pessoa a uma violência e a um desamparo no ambiente profissional, gerando fortes gatilhos para sofrimentos emocionais que podem perdurar, como crises de ansiedade, estresse e até depressão”.

Uma equipe diversa tende a contribuir muito para a inovação e a criatividade dentro de uma organização, “mas a pessoa colaboradora precisa se sentir acolhida e à vontade para ser autêntica naquele ambiente de trabalho, ou esses problemas que vão afetar sua saúde mental também vão impactar diretamente em sua produtividade e seu relacionamento com os demais membros da equipe, prejudicando também a empresa”, conclui Fátima.

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