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Analice Nicolau
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Curta brasileiro “Amarela” concorre à Palma de Ouro no 77º Festival de Cannes

O único representante da América Latina na categoria, o filme “Amarela”, do diretor André Hayato Saito e produção MyMama Entertainment, foi selecionado para a competição oficial do 77º Festival de Cannes

Analice Nicolau

25/04/2024 17h00

O curta-metragem “Amarela”, escrito e dirigido pelo nipo-brasileiro André Hayato Saito, produzido por Mayra Faour Auad e Gabrielle Auad – MyMama Entertainment, está concorrendo à Palma de Ouro no 77º Festival de Cannes. O filme foi selecionado entre mais de 4420 obras inscritas e disputa o prêmio máximo do festival com outras dez produções.

“Sempre me senti japonês demais pra ser brasileiro e brasileiro demais pra ser japonês. A busca por uma identidade que habita o entrelugar se tornou a parte mais sólida de quem eu sou. “Amarela” é uma ferida aberta não só do povo Nipo-Brasileiro, mas de todos os filhos das diásporas ao redor do globo que se conectam a esse sentimento de serem estrangeiros no próprio país. Erika, a protagonista, representa o desejo de encontrar nosso lugar no mundo”, comenta Saito. Outro fato celebrado pelo autor é o de ter composto uma equipe e elenco majoritariamente amarelos, acontecimento raro no audiovisual brasileiro.

Sinopse:

São Paulo, julho de 1998. No dia da final da Copa do Mundo contra a França, Erika Oguihara (Melissa Uehara), de 14 anos, uma adolescente nipo-brasileira que rejeita as tradições de sua família japonesa, está ansiosa para comemorar um título mundial pelo seu país. Em meio a tensão que progride durante a partida, Erika sofre com uma violência que parece invisível e adentra em um mar doloroso de sentimentos.

“Me lembro quando Saito chegou para mim em 2019 com um material que rodou todo no Japão com sua família e me disse, quero fazer algo com isso, cinema, mas apesar das inúmeras falas e trocas com eles não falo japonês e não tenho ideia do que está ali. Ali naquele momento, nos unimos nas linhas invisíveis de sua criação autoral e descobrimos juntos uma voz linda, sensível, potente e muito necessária. Tem uma frase do Ailton Krenak que reforça para mim a importância da voz do Saito: ‘Por isso que os nossos velhos dizem: Você não pode se esquecer de onde você é e nem de onde você veio. Isso não é importante só para o indivíduo, é importante para o coletivo, para uma comunidade humana saber quem ela é, saber para onde ela está indo’.” – Mayra Faour Auad, produtora e fundadora MyMama Entertainment.

“Amarela” é a terceira parte da trilogia de curtas da MyMama com o Saito que investiga sua ancestralidade japonesa a partir de um olhar autoral e íntimo. Tal busca identitária teve início com o curta-metragem “Kokoro to Kokoro”, que abordou os laços de amizade entre sua avó paterna e sua melhor amiga japonesa.

O filme foi eleito melhor documentário de curta-metragem no Roma Short Film Festival, sendo exibido também em importantes festivais como o 40º Festival Internacional do Uruguay, o 24º Festival Internacional do Rio de Janeiro, o Tokyo International Film Festival (onde ganhou Menção Honrosa), o Hollywood Brazilian Film Festival e a Mostra Internacional de Cinema Atlântico.

A trilogia seguiu com “Vento Dourado”, obra que tem como personagem principal sua avó materna, Haruko Hirata, que aos 94 anos se encontra no limiar do existir. O cineasta explora a relação entre as gerações em um ensaio sobre a morte e a convivência íntima da matriarca com sua filha Sumiko, sua cuidadora por 18 anos. O curta fez sua estreia em abril deste ano no histórico 46º Festival Internacional de Cinema de Moscou e terá sua estreia europeia no 31º Sheffield DocFest, que acontece em junho de 2024.

“Amarela”, produzido por uma equipe majoritariamente brasileira com ascendência asiática, será o ponto de partida para o primeiro longa-metragem do diretor, ‘Crisântemo Amarelo’, projeto que sintetiza a trilogia e está em processo de captação. Todos os filmes são produzidos pela MyMama Entertainment.

As outras obras que disputam o prêmio são: “Volcelest” (França), de Éric Briche; “Ootide” (Lituânia), de Razumaitė Eglė; “Sanki Yoxsan” (Azerbaijão), de Azer Guliev; “Les Belles Cicatrices” (França), de Raphaël Jouzeau; “Rrugës” (Kosovo), de Samir Karahoda; “Across the Waters” (China), de Viv Li; “Perfectly a Strangeness” (Canadá), de Alison McAlpine; “Tea” (EUA), de Blake Rice”; “The Man Who Could Not Remain Silent” (Croacia), de Nebojša Slijepčević e “Mau Por Um Momento” (Portugal), de Daniel Soares.

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