Ocupando o 4º lugar do ranking mundial de maiores produtores e exportadores de carne suína, o Brasil produziu, só em 2021, 4,7 milhões de toneladas do produto, um aumento de 5,97% em relação à 2020, conforme demonstra dados do Relatório Observatório Suíno 2022, elaborado pela Alianima, organização de proteção animal e ambiental, e a plataforma Observatório Animal.
Tendo em vista a relevância do país em relação ao mercado suíno, surge o questionamento de como dar continuidade a essa cadeia produtiva e de exportação sem gerar impacto ambiental abusivo.
Para a veterinária Juliana Ribas, doutoranda em comportamento e bem-estar animal e gestora de Boas Práticas na Agroceres PIC, no ano passado, 67% dos consumidores tentaram correlacionar hábitos de consumo com a sustentabilidade. Isso mostra que, mesmo ainda adotando o hábito do consumo de proteína animal, as pessoas se preocupam que essa prática seja feita da melhor maneira possível, incluindo evitar o sofrimento do animal.
Segundo a Alianima, o relatório “destina-se não apenas aos departamentos de sustentabilidade das empresas e indústrias do setor, mas também é endereçado ao público consumidor consciente, que se preocupa tanto com a origem dos alimentos quanto com a adoção de práticas que promovam o bem-estar dos suínos na cadeia de produção”.
Papel das empresas
Durante o webinar realizado no canal da Alianima no YouTube, com a participação de profissionais do setor com o objetivo de debater os principais resultados do relatório, foi observada que a prática do bem-estar animal nas empresas está diretamente relacionada à competitividade e à sustentabilidade do negócio, inclusive no âmbito internacional, conforme reitera a doutora em Zoologia, Cynthia Schuck.
Proposta de boas-práticas
Uma das propostas apresentadas é o banimento das celas de gestação das porcas e a migração para baias em grupo, o que ainda é visto por alguns produtores com resistência, devido ao receio da queda de produtividade, ponto refutado pela presidente e diretora técnica da organização, Patrycia Sato. “A produtividade nas baias em grupo pode ser tão boa quanto ou até melhor, apesar dos desafios naturais na fase de adaptação, que leva tempo”, destaca a diretora técnica.
Entraves financeiros
Um dos aspectos pontuados no relatório diz respeito aos entraves financeiros que limitam os avanços propostos pelo Observatório. As empresas abordadas destacam a importância de haver incentivos, como linhas de crédito e subsídios, de modo que seja possível estimular e viabilizar a implementação de melhorias na suinocultura.
Para acessar a terceira edição do Relatório Observatório Suíno 2022, clique aqui. (https://observatorioanimal.com.br/wp-content/uploads/2022/11/ALI_Relatorio_Observatorio_Suino_2022.pdf)