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Alta Velocidade
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A prancha que abalou Las Vegas

Desclassificação dupla da McLaren mexeu diretamente na disputa e colocou Max Verstappen ainda mais forte na briga pelo título

João Luiz da Fonseca

24/11/2025 10h28

prancha que eliminou mclarens no gp de las vegas surgiu como medida de segurança em 1994, após acidente que vitimou ayrton senna (foto   alex farias : photogp)

Prancha que eliminou McLarens no GP de Las Vegas surgiu como medida de segurança em 1994, após acidente que vitimou Ayrton Senna (Foto:  Alex Farias / PhotoGP)

No GP de Las Vegas, quem quebrou a banca foi Max Verstappen, que além de vencer a prova no iluminado circuito da Strip, ainda viu as duas McLarens serem eliminadas pelo desgaste excessivo da prancha que fica localizada na parte inferior do assoalho dos monopostos.

A penalidade minou também as apostas da equipe de Woking, que já dava como praticamente certo o encaminhamento do título, com seus dois pilotos reinando no topo da classificação do Mundial.

Norris chegou para a 22ª etapa com a mão na taça e, após a bandeira quadriculada, ele já tinha nove dedos atados ao troféu.

Mas horas depois viu sua liderança no campeonato permanecer exatamente como estava, 24 pontos acima de Oscar Piastri.

Agora terá que contar com a sorte que deixou escapar na terra dos cassinos para colocar com antecedência a mão inteira na taça, no GP do Catar, no próximo fim de semana. Para isso, Lando precisa conseguir 2 pontos a mais que Verstappen e Piastri em Losail. Com uma diferença de 26 pontos antes de Abu Dhabi, a luta pelo título termina.

Já Piastri, que liderou o campeonato por nada menos que 15 etapas consecutivas e chegou a abrir uma vantagem de 104 pontos sobre Max Verstappen após o GP da Holanda em 31 de agosto, agora encara um placar inacreditavelmente zerado em relação ao holandês, já que ambos possuem exatos 366 pontos. O australiano ainda figura em segundo lugar na tabela por ter uma vitória a mais (7) que o piloto da Red Bull na temporada.

Reviravolta

Foram necessárias pouco mais de 4 horas para que o placar do Mundial de Pilotos sofresse uma grande reviravolta  – tempo que os comissários levaram para anunciar a penalidade pela irregularidade no desgaste da prancha, peça que nem todos os fãs da Fórmula 1 sabem exatamente o que é e qual sua função.

A prancha de proteção do assoalho dos carros de Fórmula 1 surgiu em 1994, como parte das medidas de segurança tomadas após os acidentes fatais de Ayrton Senna e Roland Ratzenberger, no Grande Prêmio de San Marino, em Ímola.

Frequentemente chamada de “tábua de madeira”, a prancha é feita de “permaglass”, um material compósito de alta resistência, especificamente um laminado reforçado com fibra de vidro. Sua função  é impedir que os carros fiquem muito próximos do chão e possam rodar, consequentemente ela controla sua aerodinâmica.

A regra permite um desgaste de até 1mm do material durante a corrida, o que significa que a espessura mínima aceitável é de 9 mm.

Se passar disso, a infração é considerada grave porque sugere que o carro estava sendo conduzido muito próximo do solo – abaixo do permitido – para ganhar uma vantagem aerodinâmica. Manter o carro mais próximo do asfalto potencializa o efeito solo, gerando maior downforce (pressão aerodinâmica) e, consequentemente, mais velocidade e estabilidade em curvas.

Para justificar o desgaste além do permitido, a equipe argumentou que existiam circunstâncias atenuantes.  Entre elas , alegou que os carros sofreram níveis inesperados  de ‘porpoising’ (fenômeno de “saltitar” do carro) durante a corrida, algo que não havia sido visto nos treinos, que também  foram mais curtos e sofreram muitas interrupções devido às chuvas e bandeiras vermelhas, atrapalhando os cálculos das equipes.

A FIA argumentou que o regulamento não prevê ou abre precedentes para qualquer outra penalidade além da usual desclassificação, mesmo admitindo ser da opinião de que a infração foi não intencional e que não houve tentativa deliberada de burlar as regras.

Fiscalização

Após as corridas, todos os 20 carros são pesados ​​e passam por inspeções para verificar itens como pressão dos pneus, amostras de combustível, controle de torque e consumo de óleo. Alguns carros também são selecionados aleatoriamente para verificações técnicas adicionais, incluindo a inspeção de desgaste da estrutura.

Isso significa que pelo menos um dos carros da McLaren foi selecionado aleatoriamente para essa verificação. Se um problema fosse detectado em uma das McLarens, a outra também seria verificada quanto ao mesmo problema.

Se a FIA não tivesse verificado as placas de proteção dos carros de Lando Norris ou Oscar Piastri inicialmente, ambos teriam escapado da detecção de irregularidades e da desclassificação.

E o rumo, principalmente psicológico, do campeonato seria completamente diferente.

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