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Além do Quadradinho
Além do Quadradinho

Toda poesia e musicalidade da artista Anna Moura

Thaty Nardelli

08/01/2024 15h12

Foto: Maíra Ribeiro

“A poesia sempre foi minha forma mais íntima de expressão. Unir meus escritos à música foi um respiro, uma forma de comunicar meus sentimentos e anseios e esperanças por completo”, define Anna Moura, musicista e poeta brasiliense. Hoje, com seus 32 anos, ela, que nasceu no Gama, no seio de uma família em condição de extrema vulnerabilidade em decorrência do seu estado fragilizado de saúde, foi adotada com três meses de vida por uma família de classe média, de pai carioca e mãe mineira.

“Como parte das origens da minha família adotiva está no Rio de Janeiro, passei minha primeira e segunda infância entre idas e vindas. Fui alfabetizada por lá, inclusive. Com a adoção, minha infância e adolescência foram permeadas de muito acesso (à educação, alimentação e residência, por exemplo), porém, pouco afeto”, revela Anna. Com exceção da irmã, Rosângela Gayu, que mora no Rio até hoje e que, segundo a artista, foi quem apresentou a ela “as coisas mais bonitas dessa vida e me colocou em contato com arte e cultura desde sempre”.

Anna começou a tocar em bares e casas de shows ainda na adolescência, com seus 17 anos. Nesse período, ela já se apresentava em locais memoráveis da capital, como o extinto Café com Letras, na 203 Sul, e no Calaf, abrindo shows de bandas brasilienses, como Saiabamba. “Entre os meus 18 e 19 anos, entrei para o ‘Pipocando Poesia’, de Manu Matusquela. Um projeto lindo, divertido e inspirador, que troca pipoca por versos e sorrisos em eventos culturais por toda a cidade”, conta.

Tendo como referências sagrados artistas que embalaram sua infância através de seu toca-discos portátil, como Djavan, Gilberto Gil, Marisa Monte, Cássia Eller, Marina Lima, Ana Carolina, Maria Bethânia e Elis Regina, Anna já recebeu vários prêmios, como “Prêmio FAC Mulher”, da Secretaria de Cultura do DF e o “Brasília Independente 2022”, da TV Globo. “Eu faço arte há 15 anos. Nesse tempo, muitos trabalhos e sonhos se perderam no caminho com a falta de reconhecimento e valorização. Participar de diversos concursos de música e campeonatos de poesia é uma forma de reacender minha crença pessoal sobre a arte e minha autoestima enquanto artista. Me coloco à prova não para buscar validação alheia, mas para me desafiar e superar minhas limitações”, enfatiza Anna.

Arte de rua

A artista levou sua poesia para a rua, assim como a música, por bares e transportes públicos do Distrito Federal e do Rio de Janeiro, até o dia em que foi decretada a quarentena por conta da pandemia de covid, em 2020. Na época, ela morava na capital carioca, e durante o período de isolamento social, que durou quase três anos, voltou para o DF e passou a se inserir na mídia para fazer o dinheiro que antes fazia fora de casa.

“Se a arte salva, a arte de rua liberta: traz compreensão da realidade, te apresenta novas narrativas e perspectivas, te sustenta de vontade, te revela oportunidades, mas também te ameaça. Não é romântico viver de arte de rua. É fato que a rua ensina e inspira, mas a rua também te mantém exausta. É um trabalho correria, como tantos outros que se desenvolvem na informalidade”, relembra.

Entre 2020 e 2021, Anna lançou suas primeiras músicas nas plataformas digitais e participou de eventos nacionais e internacionais através de lives. “Competi e conquistei pódios de slams de diferentes lugares (RJ, SP, DF e até da América Latina), fiz participação em trabalhos de grandes artistas e criadores que também passaram atuar no digital, como Sandra de Sá, Teresa Cristina, Lanh Lan, Nanda Costa e Jout Jout”, conta a artista.

Inclusão e planos

Seu trabalho mais recente, lançado em 2023, o EP “Cada Fresta É Um Feixe”, consiste em quatro faixas de áudio que receberam um vídeo de tradução e interpretação em Libras. 

“Esse é o primeiro projeto de um modelo de lançamento musical que criei para as minhas produções. Esse modelo prioriza a acessibilidade e a inclusão no meu fazer artístico, não só no produto final, como no desenvolvimento de todas as etapas de produção e também no compartilhamento dos saberes e fazeres acerca do processo de criar e lançar música acessível e inclusiva no mercado”, explica Anna. “‘Música Pra Ver e Ouvir’ é o nome desse modelo que prevê não somente música para pessoas com deficiência, sobretudo pessoas surdas e ensurdecidas, através de versões em Libras para cada uma das faixas do projeto, mas também prevê música feita por pessoas com deficiência”, completa.

Neste início de ano, ela trabalha para lançar uma música autoral com participação de uma grande artista que, segundo Anna, que “tenho o privilégio de chamar de amiga, Haynna é o nome da braba”. “Essa produção é resultado de uma iniciativa muito massa de agitadores culturais do DF que desenvolvem o projeto ‘Sarau Secreto’, que tive a honra de participar em duas edições”, revela.

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