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Além do Quadradinho
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Hanna Amim e sua poesia como atos político e revolucionário

Nascida em Goiânia e criada em Brasília, Hanna Amim, que já se destacava como produtora cultural e DJ, acaba de lançar seu EP Projeto 333

Thaty Nardelli

12/02/2024 12h21

Foto: Carolina Portilho

Atuando na cena cultural brasiliense há mais de oito anos, Hanna Amim solidificou a combinação entre seu lado cantora e DJ no ano passado, com o lançamento do seu EP “Projeto 333″. Além das composições, ela também assinou a produção, imprimindo toda sua potência e personalidade, com canções dançantes e, ao mesmo tempo, socialmente engajadas, enquanto mulher lésbica.

“Percebi que se eu fosse ficar esperando uma pessoa para fazer música para eu cantar, isso não ia acontecer. Então, fui atrás de aprender a produzir, por uma questão de necessidade mesmo, e nisso realizando, foi ótimo. Sei muito o que quero, no que acredito dentro de uma música, de um trabalho artístico; e é bom poder, eu mesma, fazer essas coisas acontecerem”, revela a artista.

Nascida em Goiânia e filha de pais maranhenses, mas criada em Brasília, Hanna foi diagnosticada com TDAH muito cedo, ainda na infância, o que a artista revela ter sido um grande desafio. “Com isso eu acabei sendo muito desacreditada, tanto pelos meus pais quanto pelos meus professores e pessoas que me rodeavam”, conta a artista. “Foi bem complicado encontrar o meu espaço e impor a minha existência nesse planeta, porque eu era muito desvalorizada e descredibilizada. Inclusive, na própria escola. Como eu sentia essa sensação, levava isso para a minha vida e sofri muito bullying”, completa.

Foi no período em que cursava música pela Universidade de Brasília (UnB) que a artista passou a atuar como DJ e produziu sua primeira festa, a Vibe das Minas. “Então, percebi que o negócio estava dando certo, fui fazendo uns covers no YouTube, e o pessoal estava curtindo. Aí eu “falei”, cara, olha, esse negócio pode desenrolar numa profissão, algo que nunca tinha passado pela minha cabeça antes, porque – como eu era muito descredibilizada -, não achava que tinha capacidade para me desenvolver profissionalmente”, conta Hanna, que chegou a produzir outras importantes festas na capital.

Após tocar por anos como DJ e ter feito a produção de uma música autoral, a artista sentiu a necessidade de incluir em seu set produções próprias, nascendo assim o “Projeto 333”. “Eu tinha a primeira música do EP, que era ‘Vem’, que não é uma música de balada, mas ela puxou outras. As outras são, de fato, eu tocando o terror, que é a parte em que quero contribuir, por meio da minha arte, para revolucionar, para a construção de uma ideia melhor que essa que a gente está vivendo”, explica Hanna. “Então foi assim que o EP foi nascendo, e hoje eu toco as minhas músicas no meu set”, completa.

Para muito além das canções, Hanna traz, em sua arte, um ato político, que exprime a representação lésbica e combate a discriminação de diversas pautas, algo que a artista faz questão de enfatizar. “Desde que me entendi como uma mulher feminista e sapatão,  e compreendi o que isso representa dentro da sociedade, e como as coisas funcionam, e por que que as coisas que passei aconteceram comigo, luto contra isso, porque não sou um caso isolado”, denuncia. “Eu posso ver a reprodução de várias coisas que vivi em outros lugares da sociedade, e isso se dá por conta de uma construção social, da qual discordo completamente, que é uma construção capitalista onde o valor não está nas pessoas, mas sim nos números”, completa a artista.

Para este ano, a cantora revela o lançamento de uma nova música e espera realizar parceria com outros artistas. “Inclusive, se tiver algum artista aqui de Brasília que queira fazer um feat comigo, manda mensagem porque vamos produzir”, convida Hanna. “Eu já vou lançar um feat agora com a minha querida amiga maravilhosa, a Alhocca. Olha, gente, dei uma surpresinha aqui, né?”, brinca a artista.

Projeto Sapatônica

Com o EP completo, Hanna sentiu a necessidade de um espaço específico para lançar o “Projeto 333”. Foi como surgiu o Projeto Sapatônica, do qual hoje é sócia com a DJ e artesã Jess Ullun. “O objetivo da Sapatônica é abrir espaço, e ocupar espaço, e abrir espaço, e ocupar espaço, e abrir espaço, e ocupar, e ocupar, e ocupar, e trazer um monte de gente junto, porque a gente não tem visibilidade, inclusive dentro da própria comunidade”, pontua Hanna.

Após a primeira edição, o projeto formou diversas redes de apoio com grupos de meninas que foram se formando. “A Sapatônica traz uma força linda para a comunidade lésbica de Brasília”, conta Hanna, que promete várias novidades para esse ano, como a parceria com a coletiva Rebu.

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