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Aniversário de Brasília

BSB 64: o futuro é ancestral

Novo álbum de Alok, lançado nesta sexta (19), conta com de cerca de 60 músicos indígenas. O show será neste sábado (20) na Esplanada.

Mayra Dias

19/04/2024 18h25

Reprodução/Instagram

“Não é um álbum. É um movimento”. É assim que o DJ Alok descreve seu novo trabalho, lançado nesta sexta-feira (19). Intitulado “O futuro é ancestral”, o projeto conta com a participação de aproximadamente 60 músicos indígenas, de oito povos diferentes, e tem como objetivo difundir a riqueza e a diversidade brasileira, bem como a mensagem desses povos.

“Em meados de 2015, estava meio depressivo, pensando em desistir e buscando inspiração. Vi um vídeo do povo Yawanawa cantando e achei lindo. Senti que precisava ir lá conhecê-los”, contou o artista em uma coletiva de imprensa realizada no Memorial dos Povos Indígenas, em Brasília. “Nós passamos 10 dias juntos, e foi um momento para eu ressignificar muitas coisas. Foi transformador”, relembra o DJ.

Para o povo Yawanawa, a música é cura, é cultural e, por isso, eles participaram de todo o processo para que o álbum chegasse nas plataformas digitais. “Foi um processo de mais de 3 anos, e é o projeto mais importante da minha carreira, pois não é sobre mim. O povo indígena sempre foi muito estereotipado e nunca tive chance de contar a própria história, que sempre foi relatada por terceiros, pelo homem branco colonizador”, destaca Alok.

Apresentado ao público no Dia dos Povos Indígenas, o álbum conta com a participação do ator, cantor e líder espiritual do povo Huni Kuin do Acre, Mapu Huni Kuin, e são parte da composição as etnias Huni Kuin, Yawanawa, Kariri Xocó, Guarani Mbyá, Xakriabá, Guarani-Kaiowá, Kaingang e Guarani Nhandewa. “Quero que esse álbum impacte as pessoas da mesma forma que eu fui impactado quando ouvi a música desse povo pela primeira vez”, ressaltou o DJ.

Foto: Mayra Dias

O nome do novo projeto musical de Alok foi inspirado no título do último livro de Ailton Krenak, pensador e primeiro indígena a ingressar na Academia Brasileira de Letras. “Ailton foi a primeira pessoa para quem eu liguei quando senti o chamado de fazer esse álbum. ‘Futuro é Ancestral’ é um movimento, e o seu papel é convidar as pessoas a se aproximem desse projeto”, destacou o artista.

Show em celebração a Brasília

Neste sábado, 20, Alok e os artistas indígenas farão um show gratuito na Esplanada dos Ministérios, em celebração ao aniversário de Brasília. Sobre o evento, o artista diz estar muito animado e confirmou que todas as faixas de “O Futuro é Ancestral” serão tocadas no show que durará 3h. “Tenho uma memória afetiva muito grande com a capital e farei o meu melhor amanhã. Essa cidade não merece menos que isso. É muito simbólico realizar essa apresentação na Esplanada, onde tanto poder está concentrado, e de forma gratuita”, declarou Alok.

Para Kelvin Mbaretê, um dos 4 integrantes do grupo BRO MC’s, precursores do rap indígena e que participa do álbum, o que Alok fez foi revolucionário. “Sabemos que a música é utilizada há milênios, e ouso dizer que é a primeira vez que vemos algo como isso acontecer: um grupo que mistura a língua tradicional com o rap se unindo ao eletrônico. É um trabalho em nível mundial e foi gratificante. Ficamos felizes em ver que nosso movimento vai chegar não apenas em outras regiões do Brasil, mas ao mundo todo” comemorou o músico.

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