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Aniversário de Brasília

BSB 64: Manifesto Brasiliense

Feliz aniversário, Brasília! Somos muitos, nós que te amamos, nós que te protegemos, nós que te defendemos.

Naiobe Quelem

21/04/2024 5h00

Somos Brasília, a cidade das linhas retas e curvas sinuosas, onde o concreto se mistura ao verde exótico do cerrado, sob o céu cantado por Djavan – o mais belo traço do maior de todos os arquitetos.

Não somos um amontoado de formas geométricas e vidro. Somos um poema em forma de cidade, narrado em diferentes sotaques, em inúmeras línguas, declamado em tons de esperança por aqueles que para cá vieram se abrigar debaixo das suas asas, em busca de um futuro melhor.

Somos filhos da utopia de um Brasil ainda em construção – um país sempre está se moldando, não é mesmo?Imagine, então, sua pupila, erguida no coração do Planalto Central há apenas 64 anos. Para uma cidade tão jovem, tão menina, deveriam se envergonhar aqueles que dizem que Brasília é uma uma capital sem história, sem passado, sem memória. De certo, desconhecem o lema da campanha de Juscelino Kubitschek “50 anos em 5”, criado pelo poeta Augusto Frederico Schmidt, conselheiro de JK na Presidência da República. Faltam a eles fazer contas e, é claro, conhecer sua trajetória rica e profunda, repleta de personagens que sonharam e construíram a capital federal com suas próprias mãos.

Nossa identidade é forjada pela ousadia de Oscar Niemeyer, pela genialidade de Lúcio Costa e pela visão de Juscelino Kubitschek. Somos a cidade plana, a cidade sem esquinas, nem sempre pensada para transeuntes, mas que se orgulha em respeitar a faixa de pedestres, e jamais uma cidade fria. Aliás, quem já esteve por aqui nos meses de agosto e setembro, quando o deserto e a baixa umidade se instalam, sabem bem do que estamos falando…

Brincadeiras à parte, a falta de esquinas e de praças com concentração de pessoas é compensada por cada espaço da cidade ocupado e abraçado de forma apaixonada, do Eixão do Lazer ao pôr do sol na Praça do Cruzeiro, no Eixo Monumental, atrás do Memorial JK; dos piqueniques no Parque da Cidade aos eventos de rua e em monumentos tombados (trés chic!); da Torre de TV ao Lago Paranoá, que ostenta a quarta maior frota náutica do país, deixando para trás muitas capitais litorâneas. É… Brasília é para os íntimos. É preciso chegar com calma e descobri-la sem pressa, com a cumplicidade de quem quer conhecê-la de verdade.

Somos um mosaico de cores, das placas de sinalização azuis, verdes, brancas e marrons – tudo milimetricamente planejado, cada uma com sua finalidade específica; dos azulejos azul e branco de Athos Bulcão; dos vitrais; dos ipês roxos, rosas, amarelos e brancos; do céu multicolorido; do grafite das ruas e do artista plástico Toninho de Souza. Somos também um mosaico de culturas. Em Brasília, o samba e o forró são tão celebrados quanto a feijoada e a carne de sol. O bom e velho churrasco com os amigos, a pedida aos fins de semana. E as cozinhas internacionais, festejadas no circuito gastronômico da capital federal. Aqui tem uma mostra de quase todas as culinárias do mundo. E, é claro, o prato típico do brasiliense: Brasília tem sabor afetivo da “pizza” Dom Bosco, em sua primeira unidade na 107 Sul; do Ki-Beirute (um disco de quibe recheado com queijo, servido com molho tártaro e limão), em seu primeiro restaurante, na 109 Sul; e do filé à parmegiana, do Roma, na 511 Sul, desde 15 de abril de 1960. Somos também a capital do rock, da Casa do Cantador, da MPB e do carnaval de rua que tem conquistado o coração de muitos. 

Em Brasília, bike virou camelo, gíria eternizada pela música Eduardo e Mônica, da Legião Urbana; cabuloso é o siniiiistro dos cariocas; já “véi” merece um dicionário à parte, pode ganhar diferentes interpretações dependendo da tonalidade e da situação. Apesar dos seus quase 3 milhões de habitantes (estamos quase lá), Brasília parece mesmo um ovo. Quando a gente não conhece uma determinada pessoa, certamente, teremos um amigo ou conhecidos em comum. Aqui, Brasília é sinônimo de Distrito Federal – um quadradinho cercado de Goiás por todos os lados, mas cujos habitantes fazem questão de dizer que não moram em Goiás. 

Somos também a Brasília das contradições. Vivemos em uma cidade planejada que jamais seria capaz de prever um crescimento tão vultoso; orgulhamos-nos dos setores bem divididos, mas já estamos escolados em explicar aos turistas e recém-chegados como não se perder nas tesourinhas; não somos todos parlamentares, filhos ou parentes de algum político; não somos todos servidores públicos, mas há muitos por aqui e, sim, eles trabalham. Somos a capital das oportunidades, muito em parte pelos órgãos distritais e federais aqui instalados; não somos a capital da corrupção. Somos, em parte, o cenário para o desenrolar de muitas mazelas políticas, mas somos resistência, manifestações, direito a protestar e defesa da democracia. 

Somos muitos em um só lugar e, certamente, a diversidade é a nossa maior riqueza. 

Brasília, celebramos sua existência e lutaremos sempre por sua coerência como capital de uma nação! 

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