Várias vezes meu filho mais novo, quando faz uma lambança, vem correndo, carinhosamente, pedir desculpas. Acha, em sua inocência dos sete anos, que um pedido afetuoso de desculpas conserta o erro. Sempre digo que, se alguém der um tiro numa pessoa e depois pedir desculpas, infelizmente, não trará de novo à vida a pessoa atingida. É como magoar alguém. Por mais que “tudo fique esclarecido”, sempre ficam marcas – e amizades terminam por conta disso.
A longa introdução diz respeito ao inacreditável erro cometido pelo árbitro da partida entre Corinthians x Palmeiras, quarta-feira à noite, no Itaquerão. Expulsar um jogador que sequer participara do lance… O árbitro garante que não foi avisado do erro – vimos imagens em que o “quarto árbitro”, desesperado, fica falando no comunicador que a falta não fora do jogador punido – e o árbitro, arrogante, não atende, não chega perto do auxiliar, apenas faz questão de, espalhafatosamente, exibir o cartão e expulsar o jogador.
Após a partida, em lágrimas, admitiu o erro e pediu uma nova chance. Só que o Corinthians ficou sem um jogador por boa parte do jogo (por sorte o Timão acabou ganhando a partida) e vai ficar sem o atleta na próxima partida, também (a punição é automática). Para que isso não aconteça, ou o Tribunal desqualifica a expulsão ignorando uma súmula que não faz menção ao erro (aliás, cita que houve xingamentos por parte dos jogadores corintianos diante da falha) ou, pasmem, corremos o risco de o Palmeiras, caso a súmula seja “consertada” e registre o erro de direito (expulsar quem não deveria), pedir a anulação do jogo – aí, a lambança estaria completa e perfeita…
Todos juntos
Com mais ou menos emoção e sofrimento, Botafogo e Atlético Paranaense conseguiram classificar-se para a fase de grupos da Libertadores da América.
Com isso, serão oito os times brasileiros na competição deste ano: Palmeiras, Santos, Flamengo, Atlético Mineiro, Chapecoense, Grêmio e os dois classificados após as fases pré-pré. Um recorde. Oito em 32 participantes – e num ano em que alguns times tradicionais estão fora da disputa, como o Boca Juniors, da Argentina; o Colo-Colo (Chile) e o Olimpia (Paraguai), eliminados justamente pelo Botafogo nesta fase de mata-mata inicial.
As classificações de Fogão e Furacão aconteceram fora de casa, o que já dá para dar idéia da dimensão do problema enfrentado por eles.
Aparentemente a situação do alvinegro carioca era melhor, afinal de contas, vencera o jogo no Rio e precisava, apenas, do empate. Só que num Defensores Del Chaco lotado e empolgado, o time comandado por Jair Ventura confiou demais em sua defesa. Claro que não suportou a pressão o tempo todo – felizmente sofreu apenas um gol e levou a decisão para os pênaltis, onde brilhou um paraguaio, o goleiro Gatito Fernandez, o único da terra de Solano Lopez e Larissa Riquelme a vibrar com o resultado (ele pegou três pênaltis).
Para o Atlético Paranaense a situação era ainda mais complicada (alguns dirão que não): depois de empatar em casa por 3 a 3 com o Capiatá, o Furacão precisava de uma vitória simples (daí a controvérsia sobre a complicação da história) para passar. E foi o que aconteceu: 1 a 0 sofrido, suado –e suficiente.
Agora, na fase de grupos, o Botafogo foi parar no 1, ao lado de Atlético Nacional (Colômbia, atual campeão), Estudiantes (Argentina) e Barcelona (Equador). O Atlético Paranaense enfrentará Flamengo, San Lorenzo (Argentina) e Universidad Católica (Chile), no grupo 4, um dos mais difíceis do torneio.