O futebol brasileiro viveu momentos de perplexidade, terça-feira, quando foram divulgadas as análises sobre a vida financeira dos principais clubes do país.
As avaliações, feitas por um banco, resumidamente mostraram o que todos sabemos: o futebol brasileiro faliu.
Simples assim, sem meias palavras, sem choro, nem vela.
Nada menos do que 27 clubes tiveram suas contas vasculhadas (até onde se pode) e avaliadas.
Novidades?
Praticamente nenhuma.
Talvez o fato de o Corinthians, com o caminhão de dinheiro que tem à disposição, não aparecer bem avaliado.
Situação explicada, talvez, pela aventura do presente de grego que foi o Itaquerão.
Nada, porém, que uma boa administração (o que parece estar distante do Parque São Jorge) não resolva.
O que chama a atenção, porém, é a total incoerência entre fatos, argumentos e soluções.
Três clubes são destacados como financeiramente equacionados.
Flamengo, Palmeiras e São Paulo estão nesta pequena relação.
Para o rubro-negro, elogios incontidos, inclusive usando o “10, nota 10” típico das apurações do carnaval carioca.
São citadas as crescentes conquistas financeiras, o bom trabalho feito na recuperação do clube, as vendas de jovens promessas para ajudar o caixa e…
Bem, aí começam as questões difíceis de serem digeridas.
Os consultores avaliam que, apesar do aparente mar de rosas financeiro, o Flamengo precisa conquistar títulos.
E isso se consegue com grandes times.
É criticado o gasto (quase R$ 100 milhões) com jogadores “prontos”, muitos repatriados do futebol internacional.
Aí o colunista começa a não entender.
Querem que forme um grande time para lutar por títulos, mas não se deve gastar?
Vamos dizer que todos os anos a base consiga fornecer um time inteiro de craques. Virão conquistas, talvez. E logo estes jogadores serão vendidos (o Manchester United parece estar querendo oferecer mais de R$ 120 milhões por Paquetá).
Entramos então no circuito produz/ganha/vende? E se não ganhar? E se não vender?
E o Palmeiras?
A avaliação fala que seu bom momento é, em grande parte, devido ao maior patrocínio do futebol brasileiro.
Mas o time está lá, brigando por títulos. E enchendo estádios.
Não aplica, porém, muitos recursos na base. Não produz “matéria prima”. E quando o patrocinador se for? Acontecerá o mesmo dos tempos da Parmalat?
Isso que dizer, então, que “o que está bom hoje pode não estar amanhã”. É isso mesmo?
Voltando a falar do Corinthians.
O Timão tem uma torcida apaixonada. Fatura a maior cota da televisão (com o Flamengo), mas está vendendo seus últimos aneis. E se cair?
Não seria o caso de investir (corretamente) em contratações? A base pode demorar a dar novos frutos.
Nada, porém, se compara às avaliações dos outros três grandes do Rio de Janeiro.
No Vasco, a primeira citação que salta aos olhos é a de falta de transparência. Isso é ruim, muito ruim.
O clube de São Januário tem investido na base, que recentemente gerou Paulinho – que já foi para a Alemanha.
As dívidas, porém, são imensas. O que diminui a capacidade de investimentos (leiam, por favor, na base e em contratações).
Situação semelhante a do Fluminense.
Os analistas chegam a citar que o clube errou ao tentar manter o nível de qualidade do time quando perdeu seu patrocinador de anos.
Perceberam, de novo, a confusão?
Tudo bem que os cartolas tricolores erraram feio nas contratações, mas o time vinha da conquista de dois Brasileiros (2010 e 2012). Os estádios recebiam bons públicos, buscava-se aumentar a cota de televisão…
Para o Botafogo, elogios contidos. E o aviso que terá anos duros pela frente. Aliás, como dizem para o Fluminense.
Ninguém lembra de dizer que Real Madrid e Barcelona devem mais de R$ 1 bilhão cada e continuam contratando.
Uma resposta pronta diria que são “clubes empresa”. Mas a dívida está lá. E a cada temporada mais e mais jogadores são contratados. E títulos conquistados.