Elaine Siqueira
Verdadeira obra-prima e um dos primeiros monumentos erguidos na capital, a Catedral Metropolitana de Brasília foi eleita por internautas que participaram de uma enquete no portal Clicabrasilia – do Grupo Jornal de Brasília – como o mais belo projeto assinado por Oscar Niemeyer na capital federal. No levantamento, 44,48% concordam que as curvas ousadas da igreja de 40 metros representam da melhor maneira a ousadia e habilidade do arquiteto centenário.
Formada por arcos de concreto armado, circundados por um espelho d’água, as primeiras formas da Catedral começaram a ser projetadas em 1958. A princípio, o que seriam 21 colunas de sustentação foram reduzidos para 16, num formato de arcos hiperbólicos – estruturas arquitetônicas encontradas geralmente em torres e coberturas, quando a finalidade é obter a economia estrutural em locais resistentes e utilizando menos material.
Um dos pontos que impressionam os turistas e brasilienses é logo a entrada, que tem esculturas em bronze dos quatro evangelistas, além de quatro grandes sinos que compõem o campanário.
Deslumbramento
Inicialmente planejada para ser uma praça pública ecumênica, a obra teve o apoio e cálculos estruturais do engenheiro Joaquim Cardozo. A obra passa por reformas há dois anos e deve ser entregue no próximo dia 18.
De acordo com o arquiteto Sílvio Zuppa, a Catedral foi erguida com muita dificuldade, mas Niemeyer conseguiu, com o projeto, inspirar as pessoas que por ali passam: “Há um deslumbramento perceptível ao entrar no local. Ele conseguiu tocar as pessoas com a sua obra”.
Beleza revelada pela iluminação
O arquiteto Paulo Zuppa afirma que Niemeyer procurou inovar em seu primeiro monumento, já que as igrejas tendiam a ser escuras e lembrar o pecado. O arquiteto, então, optou por projetar uma rampa de acesso com uma passagem escura, para, logo em seguida, preencher o espaço com a iluminação natural e colorida, graças aos vitrais transparentes. “Acho a Catedral espetacular e de uma beleza incrível. Temos muita riqueza neste lugar. O altar, por exemplo, foi doado pelo papa Paulo VI”, lembra o arquiteto.
O professor de arquitetura da Universidade Católica de Brasília Adriano Pontes se refere à Catedral como um local que é capaz de purificar os visitantes e frequentadores. “Não somente por ser uma igreja, mas a beleza e importância do monumento já nos emocionam e limpam nossa alma”, diz, com entusiasmo.
Turistas encantados
Dois dias após a morte do criador dos principais monumentos de Brasília, turistas se deslumbravam com as curvas da arte de Niemeyer. A maranhense Daniela Alves dos Santos, 20 anos, ficou encantada com a Catedral. Segundo ela, foi a obra mais bonita que já visitou. “O local me chamou atenção pelo tamanho e acessibilidade. Estou encantada”, ressaltou.
A estudante Kelly Regina, de 18 anos, é brasiliense e nunca tinha visitado o local. Aproveitou o momento de homenagens ao arquiteto e resolveu conhecer a Catedral Metropolitana.
Para Kelly, o local, antes visitado apenas por vídeos e fotografias, representa o início da criação de Brasília. “Quem vem à cidade, precisa passar por aqui e conhecer o que pessoas citadas mundialmente deixaram para nós”, disse.
Recém-formado em arquitetura e urbanismo, Paulo Tadeu trabalha com arquitetura predial e é um dos admiradores das obras de Niemeyer. “O Centro Cultural Oscar Niemeyer, em Goiânia, por exemplo, foi umas das minhas obras de referência para o trabalho de conclusão de curso”, disse.
Congresso em segundo
Em segundo lugar na preferência dos brasilienses, de acordo com a enquete, ficou o Congresso Nacional, com 14,42% dos votos.
A edificação ousada conta com duas cúpulas – uma côncava, onde está a Câmara dos Deputados, e outra convexa, sede do Senado Federal – e duas torres de 28 andares, as mais altas do Eixo Monumental, com 100 metros cada.
A obra, que está no centro da Esplanada dos Ministérios e Praça dos Três Poderes, é o cartão-postal mais emblemático da capital federal. “Há uma perspectiva geral do centro de Brasília, é um dos monumentos mais marcantes, pois o traço de Niemeyer está explícito”, define Zuppa.
Niemeyer nunca escondeu que o “Palácio do Congresso” fosse sua obra preferida em Brasília. Para a sua concepção, ele levou em consideração a imponência da Esplanada.
2° – Congresso Nacional
Palácio do Congresso Nacional é o nome não oficial do Palácio Nereu Ramos. Inaugurado em 1960, é um dos três edifícios monumentais que definem a Praça dos Três Poderes. Sobre um bloco-plataforma horizontal encontram-se dispostos uma semiesfera à esquerda (Senado), um hemisfério à direita (Câmara) e, entre elas, duas torres gêmeas (Anexo 1), que se elevam a cem metros de altura.
3° – Torre Digital
Apelidada de Flor do Cerrado, foi projetada para ser uma torre de transmissão televisiva do sistema de TV Digital para todo o DF. Inaugurada em 21 de abril deste ano, o último projeto de Niemeyer inaugurado em Brasília tem 170 metros de altura.
4° – Palácio do Itamaraty
Também conhecido como Palácio dos Arcos, foi inaugurado em 21 de abril de 1970 para ser a sede do Ministério das Relações Exteriores. Três edifícios compõem o complexo: o Palácio, o Anexo I e o Anexo II, conhecido popularmente como “Bolo de Noiva”. Conta com o maior hall sem colunas do mundo.
5° – Igrejinha da 108 Sul
A Igrejinha Nossa Senhora de Fátima é mais uma das obras-primas de Niemeyer em Brasília. Longe dos ambientes palacianos, e pouco conhecido pelos turistas, a igreja ganha leveza e monumentalidade com o formato de chapéu de freira e as colunas que tocam em pequenos pontos do resto da estrutura. O interior e a fachada foram premiados com o azul profundo dos azulejos de Athos Bulcão.
6° – Memorial JK
Inaugurado em 12 de setembro de 1981, o Memorial JK é dedicado ao ex-presidente Juscelino Kubitschek, fundador da cidade de Brasília. Abriga um grande acervo pessoal do ex-presidente e fotografias da construção da cidade. O local, que é conhecido pela estátua de JK, abriga a câmara mortuária de Juscelino, que recebe luz natural filtrada pelos vitrais de Marianne Peretti.
7° – Museu da República
Parte integrante do Complexo Cultural da República, o museu tem uma área de 14,5 metros quadrados, uma grande cúpula com 25 metros de raio, circundado por um espelho d´água, com quatro andares no interior. Inaugurado em dezembro de 2006, a edificação tem a forma de uma grande cúpula com quase 90 metros de diâmetro.
8° – Panteão da Pátria
O Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves foi inaugurado em 7 de setembro de 1986. O memorial fúnebre está localizado na Praça dos Três Poderes. Com arquitetura modernista, simbolizando uma pomba, a obra de Niemeyer tem três pavimentos, com área de 2.105 metros quadrados. Seu intuito é homenagear todos aqueles que se destacaram em prol da pátria brasileira.