Adamastor sempre foi um cara malandro. Criado nos costados de Bonsucesso, notabilizou-se por faturar as melhores mulheres com a lábia tradicional do suburbano esperto. Mas, como diz a gíria de malandro, um dia a caxanga (casa) cai.
A referida queda aconteceu na semana passada. Integrado recentemente ao mundo da Internet, ele acabou sendo vítima de um dos maiores logros da rede, a chamada propaganda enganosa. E caiu como um bom malandro, de pé.
A situação deu-se da seguinte maneira: Adamastor recebeu um e-mail em seu computador de trabalho (já diz Chico Buarque que malandro, hoje em dia, trabalha, mora lá longe e chacoalha num trem da Central). Na mensagem eletrônica, ele viu uma loura maravilhosa, de 1,80m, anunciando seus préstimos por módicos R$ 500. Juntou dinheiro daqui e dali, mas resolveu que iria torrar sua grana naquelas carnes.
Ligou e marcou encontro no Hotel Copacabana Palace, onde a beldade estava instalada. Ouviu uma voz doce e meiga no telefone, absolutamente encantadora, com leve sotaque mineiro. Em poucos minutos seu carro estava estacionado na praia de Copacabana e ele ingressava no edifício anexo ao Copa.
Chegando ao apê, deu de cara com uma estranha penumbra e uma luz indireta, apesar do sol carioca, sempre convidativo. A voz já não tinha o sotaque mineiro. Era gaúcha. E a loura espetacular não era tão espetacular assim. Aliás, nem se parecia com a foto. Mas, sabe como é, há sempre um programa para melhorar as damas. Que o diga a Playboy, campeã de vender mulheres que não existem. Haja Photoshop.
Mesmo assim, já que estava na cara do gol, e sendo um bom malandro, Adamastor não perdoou. Afinal, já havia perdido os R$ 500 mesmo. O que restava, então, era aproveitar. E assim foi feito, pois a moça era ardente e proporcionou a ele um sexo de excelente qualidade. Só que com um detalhe: sequer desmanchou a cama. Transaram ele em pé, ela de quatro na cama, com a colcha impecavelmente esticada.
Mal terminou o primeiro round, a moça pulou da cama como uma flecha, mesmo com Adamastor desmanchando-se em carinhos, esperançoso numa segunda transa, que reduziria, no seu pensamento, o prejuízo, pois duas por R$ 500 é bem melhor que apenas a primeira.
Só que a loura correu ao banheiro e de lá falou a frase capital, segundo ele. “Ela me perguntou se eu queria tomar banho. Quem se relaciona com as moças da noite sabe que essa é a senha para dizer que acabou”, disse.
Bom malandro não berra, e Adamastor juntou os trapinhos, tomou banho, deu um beijo na moça e vazou. Não sem antes ouvir que, se ele quisesse voltar, pagaria menos, por ser compreensivo. “Mas aprendi mais uma, chefia. Nesta tal de Internet não confio mais. Mulher, agora, só olhando na cara”, disse o sábio.