Por meio de uma forte política climática, o presidente dos Estados Unidos determinou que todos os veículos do governo federal sejam elétricos até 2035. De acordo com o Relatório de Frota Federal de 2019 da Administração de Serviços Gerais, isso representa hoje um total de 645 mil veículos.
Durante coletiva na Casa Branca, Biden afirmou que “o governo federal possui uma enorme frota de veículos que será substituída por veículos elétricos produzidos nos Estados Unidos, por trabalhadores norte-americanos”. Isso significa uma profunda mudança nos rumos da indústria automotiva. Não só para estimular a indústria nacional, mas por estabelecer o norte produtivo uma vez que o governo federal está entre os maiores compradores do país.
Segundo levantado pela revista Quatro Rodas, dos 645 mil veículos, apenas 3.215 são elétricos, o que gera um consumo de cerca de 1,4 bilhão de litros de combustível anualmente. Mal o anúncio foi feito e a indústria já começou a se movimentar. O CEO global da Volks, Herbert Diess, postou que a VW está pronta e em 2022 já estará produzindo o modelo de EV (Electric Vehicle) ID4 em solo americano. Além disso, semana passada, a norte-americana GM já informou que quer transformar 100% do seu line-up em EVs no país até 2035.
Existem dois pontos relevantes para refletir sobre essa mudança, além da questão ambiental. A primeira é que veículos elétricos exigem desenvolvimento tecnológico de ponta, em especial das baterias, e elas são o centro da ideia de empresas disruptivas como a Tesla. O desenvolvimento de baterias de longa duração pode ser expandido e explorado nos mais diversos setores da indústria e isso é capaz de gerar mais empregos e mais tecnologia.
O segundo ponto é que sem logística reversa das baterias (com foco no descarte qualificado dessas peças), também podemos ter um problema ambiental para o futuro, mas o que sabemos é que no presente isso pode trazer um novo oxigênio para a pesada indústria automotiva. Ainda assim, existem outros desafios. Para Gina MaCarthy, uma das principais assessoras da mudança climática na Casa Branca, a questão central está em envolver os trabalhadores norte-americanos, produzir os carros nos EUA e alcançar ao mesmo tempo o índice de zero emissão.
Um ponto não explicado foi sobre veículos militares e o próprio carro presidencial, chamado pelo ex-presidente Barack Obama de ‘The Beast”. O carro presidencial é uma limusine Cadillac com cinco metros e meio de comprimento e 1,5m de altura, blindado e que faz uma média de 3,38 km/l em seu motor de 8 litros. Como a indústria vai fazer para converter esse monstro de quase 10 mil quilos em um veículo elétrico, ainda não sabemos, mas o desafio está lançado.
Por fim, ao decidir apostar nos veículos elétricos, o governo federal norte-americano será o maior consumidor do produto no país e puxará toda a tendência da indústria automotiva nos próximos anos. O fato é que os governos podem liderar mudanças positivas de comportamento e consumo ao exigir novos padrões da indústria em suas compras (sempre gigantes) que, ao fim, podem beneficiar o consumidor final. Sem dúvidas, um dos resultados desse gesto, será a redução do custo de aquisição de EVs para o cidadão comum nos EUA e isso será um grande incentivo para toda a indústria.
A natureza agradece e a economia também!