O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, disse nesta quarta-feira (23) que a vacina contra a covid-19 Coronavac atingiu o “limiar da eficácia”. Isto é, chegou a números suficientes para que seja solicitado o uso emergencial do imunizante.
“Recebemos os dados de eficácia ontem. Atingimos o limiar da eficácia, que permite o processo de solicitação de uso emergencial, seja aqui no Brasil ou na China”, afirmou Covas. O Governo de São Paulo pretende pedir à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorização para usar a Coronavac de forma emergencial, com o objetivo de vacinar logo a população.
As declarações foram dadas em entrevista coletiva. Havia a expectativa de que o governo apresentasse todos os dados referentes à eficácia da vacina. Covas explicou, porém, que, por razões contratuais, não pode explanar os números.
“Temos um contrato com a Sinovac que especifica que o anúncio desse número precisa ser feito em conjunto. Ontem mesmo apresentamos esses números à nossa parceira, que, no entanto, solicitou que não houvesse a divulgação do número”, explicou o diretor. “Eles precisam analisar cada um dos casos. Para que isso fosse possível, solicitaram a transferência da base de dados. Essa base de dados foi transferida na manhã de hoje (quarta), para que eles possam proceder essa análise o mais rapidamente possível.”
O instituto chinês Sinovac Biotech precisa que sejam anunciados ao mesmo tempo os dados de estudos realizados em todos os países parceiros. Além do Brasil, Turquia e Indonésia já compraram doses do imunizante, e outros países também fazem testes.
O Sinovac pediu 15 dias para análise dos dados enviados. “Acreditamos piamente que essa data será adiantada”, prevê Covas.
Efeitos colaterais
Embora não possa apresentar os dados completos, Dimas Covas afirmou que os pacientes que receberam doses da vacina tiveram efeitos colaterais leves. O mais recorrente foi dor no braço, local da aplicação. Também houve febre controlada, segundo o presidente do Butantan, mas em “porcentagem muito pequena”, garante Covas.
O diretor disse ainda que a Coronavac é a vacina mais segura de todas que estão em testes. O secretário de Saúde de SP, Jean Gorinchteyn assegurou que o imunizante atingiu os índices exigidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Mais doses
Também foi confirmado pelo governador que o Estado vai receber mais 5,5 milhões de doses do imunizante na quinta-feira, 24, véspera de Natal. A entrega de novos lotes já está agendada. Serão 400 mil doses no dia 28 e mais 1,6 milhão no dia 30.
Considerando o que já está armazenado no Butantã, Doria esperar somar cerca de 10,8 milhões de doses da vacina contra o novo coronavírus até o dia 30 de dezembro. Já a expectativa do Ministério da Saúde é de que, nos próximos meses, o País tenha acesso a 46 milhões de doses do imunizante, das quais 9 milhões seriam entregues em janeiro, 15 milhões em fevereiro e 22 milhões em março de 2021. O Butantã diz que pode entregar até 100 milhões de doses da Coronavac ao ministério até maio.