A investigação do Facebook, que acabou por derrubar páginas em redes sociais ligadas ao presidente Jair Bolsonaro e a políticos do PSL no início de julho, mostra alguns detalhes sobre quem cuidava destes perfis. A informação é do Fantástico, da TV Globo.
Por trás dessas páginas, estavam assessores ligados à família Bolsonaro, pagos com dinheiro público. Um deles é Tércio Tomaz, assessor especial do presidente Jair Bolsonaro. Com salário de mais de R$ 13 mil, Tomaz mantinha duas páginas chamadas Bolsonaro News.
Nestas páginas, o assessor disseminava informações falsas e distorcia falas de autoridades, como a do presidente da Organização Mundial de Saúde (OMS), por exemplo. Além destes perfis, Tomaz usava sua conta pessoal para o mesmo fim. Nesse caso, o assessor compartilhava mensagens de ódio — uma delas até com cunho racista.
Além de Tomaz, outros dois assessores ligados ao deputado federal Eduardo Bolsonaro também faziam parte do grupo que liderava as páginas. São eles: Eduardo Guimarães, que usou um computador da Câmara dos Deputados para criar a página “Bolsofeios”; o outro é Paulo Eduardo Lopes (Paulo Chuchu) que comandava seis páginas que se passavam por redações jornalísticas.
Um assessor da deputada estadual Alana Passos (PSL-RJ), identificado como Leonardo Rodrigues de Barros, mantinha pelo menos oito páginas falsas. A noiva dele, a assessora do deputado estadual Anderson Moraes (PSL-RJ), Vanessa Navarro, tinha ligação com mais sete perfis.
As páginas derrubadas teriam sido fundamentais para a eleição de Bolsonaro nas eleições de 2018. A Polícia Federal receberá detalhes dessa investigação do Facebook.
Defesas
Até a última atualização desta reportagem, o presidente Jair Bolsonaro e os filhos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, do PSL, e o senador Flávio Bolsonaro não haviam se pronunciado. Tércio Tomaz também não se manifestou.
A deputada Alana Passos, do PSL do Rio, disse que “não responde por aquilo que servidores publicam em suas redes sociais pessoais” e que Leonardo pediu exoneração em abril.
A defesa de Paulo Eduardo Lopes afirmou que ele “jamais administrou qualquer página de conteúdo jornalístico” e que “o Facebook se equivocou ao banir as páginas de Paulo Chuchu de suas plataformas”.
A defesa da assessora Vanessa Navarro classificou a exclusão da conta como “atentado à liberdade de expressão”. O deputado estadual Anderson Moraes, também do PSL do Rio, afirmou que a derrubada das páginas de Vanessa configura censura prévia.