Uma mulher de 61 anos e que apresentou cirrose e diabetes e que tinha em sua urina um alto nível alcoólico foi colocada na lista de espera para transplante de fígado.
Segundo o jornal Annals of Internal Medicine, onde seu caso foi contato, os médicos responsáveis pelo transplantes no primeiro hospital visitado por ela a aconselharam a participar de um programa de tratamento para alcoólatras, suspeitando que a idosa tivesse mentido sobre não beber.
No entanto, o cenário era bem diferente do que o imaginado pelos especialistas. Eles descobriram que quem estava produzindo o tanto álcool identificado nos exames era a própria bexiga da mulher, o que ocasionou um grave quadro de cirrose.
De acordo com o os médicos que a diagnosticaram, ela sofria de “urinary auto-brewery syndrome”, em português síndrome da fermentação urinária.
O que causava a questão era o fato de um grave acúmulo de fermento no intestino, que convertia o açúcar dos alimentos em álcool e, no caso dela, produzia a urina alcoólica.
Ainda de acordo com os médicos o diabetes mal controlado também pode ter influenciado no desenvolvimento da cirrose. Principalmente porque a condição permite altos níveis de açúcar no sangue, o que pode ter alimentado um crescimento excessivo de fermentação na bexiga da mulher.
Só após os testes comprovarem a doença a mulher pôde, enfim, entrar na fila para um transplante de fígado.
Falta de reconhecimento mundial
A Síndrome da Fermentação Urinária ainda não é um consenso entre a comunidade médica. Em uma revisão literária publicada no ano de 2000 a conclusão sobre a síndrome é incerta. “Até o momento nenhum dos estudos publicados que apoiam a teoria resistiu a um exame minucioso”.
Entretanto, desde a época até os dias atuais, estudos de casos e reportagens pelo mundo identificaram casos suspeitos da síndrome. Segundo a médica Barbara Cordell, que falou à BBC News, nos últimos dois anos , ela recebeu entre 500 e 600 telefonemas de pessoas que dizem que sofrem com o quadro e mantém contato com cerca de 200 que foram diagnosticados.
“O fato de não haver muitos diagnósticos não implica que a condição não tenha sido documentada”, explica Cordell, que recentemente escreveu um livro chamado Meu intestino produz álcool. Na publicação, ela descreve alguns dos casos aos quais teve acesso.