Até sexta-feira (6) serão plantadas mais de 2.400 das de espécies nativas do cerrado no Parque Ecológico do Riacho Fundo. A iniciativa servirá para recuperar as nascentes existentes no local. O projeto começou no Parque de Águas Claras. Os dois parques fazem parte da bacia hidrográfica do Paranoá. Cerca de 20 espécies como jacarandá, pau-ferro, lobeira, ipês, paineiras e peroba estão sendo usadas no plantio.
O programa é coordenado pela Secretaria de Meio Ambiente (Sema) com recursos do projeto Citinova, do Ministério da Ciência e Tecnologia, Inovações e Comunicações e vai beneficiar áreas prioritárias para produção hídrica nas Bacias dos rios Descoberto e Paranoá, visando à manutenção e recuperação de seus aquíferos.
No início do trabalho, no Parque Ecológico de Águas Claras, foram plantadas mais de quatro mil mudas em uma área de aproximadamente cinco hectares. O plantio durou nove dias e contou com a colaboração do grupo de voluntários do Parque. No próximo período chuvoso serão iniciadas as ações nos outros 70 hectares apontados pelo programa, após elaboração de diagnóstico e priorização de áreas nas bacias do Descoberto e do Paranoá, para definição dos pontos de atuação. A conclusão desta segunda fase de plantio está prevista para 2021. Uma empresa responsável pelo trabalho também fará o monitoramento e manutenção das áreas plantadas.
O secretário de Meio Ambiente, Sarney Filho, explica que a pasta está realizando iniciativas para incentivar, estimular e apoiar ações de conservação, recuperação ambiental e uso sustentável do Cerrado. “As iniciativas são voltadas em especial para a recomposição de áreas degradadas em Áreas de Preservação Permanente (APPs) e áreas de recarga de aquíferos, em áreas prioritárias para produção hídrica nas Bacias do Rio Descoberto e Rio Paranoá, visando à manutenção e recuperação de seus aquíferos”, afirmou.
De acordo com Nazaré Soares, coordenadora do CITinova pela SEMA/GDF, a necessidade do projeto vem da severa crise hídrica que afetou o Distrito Federal nos últimos anos. “Uma das principais causas, além da mudança no regime de chuvas e do aumento do consumo pelo crescimento populacional, é o manejo inadequado de áreas que suprem os mananciais, denominadas áreas de recarga”, diz.
Segundo ela, algumas práticas utilizadas levam à impermeabilização do solo, impedindo a infiltração da água e reposição dos aquíferos, o que afeta diretamente as nascentes.
Para a recomposição das áreas serão utilizados o plantio de mudas, plantio direto de sementes, condução da regeneração natural, enriquecimento em áreas alteradas, plantios agroflorestais, que aliam a produção agrícola sustentável à conservação do solo e benefício aos serviços ecossistêmicos, conforme a vocação de cada localidade.
As ações visam à melhoria dos aspectos ambientais, bem como à conscientização e educação ambiental da população das regiões beneficiadas. Os recursos para a primeira fase de recomposição (R$ 2 milhões) são provenientes de multas por danos ambientais a partir de ação civil pública movida pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).
Também está sendo recuperada a Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie) do Bosque, localizado na QL 10 do Lago Sul. Este é o primeiro trecho de recuperação da Orla do Lago do Paranoá. Deverão ser plantadas até meados deste mês 1.600 espécies nativas do cerrado, em 4,5 hectares de extensão.