Willian Matos
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Diálogos obtidos pelo site The Intercept Brasil e publicados pelo portal UOL nesta terça-feira (27) mostram que integrantes da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba ironizaram a morte da ex-primeira dama Marisa Letícia, esposa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Marisa morreu vítima de um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico, no dia 3 de fevereiro. Antes, no dia 27 de janeiro, quando a ex-mulher de Lula já sofria com problemas de saúde, o procurador Januário Paludo, em conversa com Deltan Dallagnol, decidiu fazer uma suposição a respeito.
“Um amigo de um amigo de uma prima disse que Marisa chegou ao atendimento sem resposta, como vegetal”, teria dito o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa em Curitiba. Em seguida, Januário Paludo responderia: “Estão eliminando as testemunhas…”
No dia 2 de fevereiro, um dia antes da morte de Marisa, a procuradora da República, Laura Tessler, teria sugerido que seria necessário paciência para a “sessão de vitimização”, dando a entender que Lula tentaria se aproveitar politicamente da perda da esposa. “Quem for fazer a próxima audiência do Lula, é bom que vá com uma dose extra de paciência para a sessão de vitimização”, escreveu.
“Vai dar ruim”
Além da ironia a morte de Marisa, os procuradores teriam conversado a respeito da ida de Lula ao enterro do irmão, Vavá. Ele morreu no dia 29 de janeiro de 2019, vítima de câncer.
O procurador Athayde Ribeiro Costa teria feito um comparativo sobre o que aconteceria caso Lula fosse liberado ou não, temendo a popularidade do ex-presidente e que ele utilizasse do espaço para se promover. “Mas se não for, vai ser uma gritaria e um prato cheio para o caso da ONU [Organização das Nações Unidas]”, teria dito.
O procurador Orlando Martello, por sua vez, teria pensado: “A militância vai abraçá-lo e não o deixarão voltar. Se houver insistência em trazê-lo de volta, vai dar ruim!”.
No chat, Antônio Carlos Welter teria concordado com a PF, mas disse acreditar que Lula tinha o direito de ir ao enterro do irmão. “Eu acho que ele tem direito a ir, mas não tem como”. Januário Paludo, então, responderia: “O safado só queria passear e o Welter com pena”. Laura Tessler teria comentado: “O foco tá em Brumadinho… logo passa… muito mimimi”.
Procurada pela reportagem do UOL, a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba disse que não poderia se manifestar sem ter acesso integral às conversas.