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Brasília

A melhor defesa nem sempre é o ataque

Arquivo Geral

29/08/2016 9h19

A deputada Celina Leão (foto) optou por atacar o governador Rodrigo Rollemberg (foto) e a distrital Liliane Roriz como estratégia de sua defesa diante das acusações de corrupção. Mobilizou uma equipe para levantar informações e ressuscitou um dossiê preparado há sete anos por Rogério Ulisses, que, envolvido na Caixa de Pandora, teve seu mandato de distrital cassado pelo TRE a pedido do PSB.

Aliados da ex-presidente da Câmara andam dizendo que Rollemberg procura se aproximar de Roriz e já acertou com Liliane que ela será a candidata a vice-governadora na chapa dele, em 2018.

A estratégia escolhida por Celina é geralmente classificada como “diversionista”. Seu prazo de vencimento é a conclusão das investigações pela Polícia Civil e pelo Ministério Público.

A inacreditável balela das 300 mil diárias

O governo ainda não se dispôs a fazer a prestação de contas sobre os alardeados benefícios que os 10 jogos de futebol olímpico trariam a Brasília. A decisão de sediar as partidas foi tomada no início do ano passado, quando já se tinha pleno conhecimento da grave crise financeira. Mesmo assim, foram gastos – pelas informações oficiais – R$ 32 milhões para promover os jogos.

Funcionários do governo alardeavam, e muitos jornalistas aceitavam sem contestar, que as partidas de futebol trariam milhares de turistas a Brasília. A Secretaria do Esporte e Turismo chegou a prever a ocupação adicional de 300 mil diárias em hotéis. Não é possível que alguém tenha mesmo acreditado nisso, mas publicaram como se fosse viável.

Os R$ 32 milhões seriam, para os defensores dos jogos, um investimento que traria grande retorno à cidade. Na verdade, foram um gasto inútil, especialmente levando-se em consideração a precária situação financeira do Distrito Federal. E as partidas ainda mobilizaram um esquema de segurança que sai muito caro para a população.

A velha fórmula custo-benefício

Dos 490 mil ingressos colocados à venda para os jogos, só 273.713 foram vendidos (55,6%) e 33 mil desses não foram utilizados. O estádio Mané Garrincha estava vazio em sete das 10 partidas, e relativamente cheio em três jogos, dois deles da seleção masculina brasileira.

Segundo a Secretaria do Esporte e Turismo, 3.292 visitantes procuraram informações nos sete centros de atendimento ao turista. Apenas 599 eram estrangeiros.
Promover e incentivar eventos é muito bom para uma cidade. Mas é preciso ter responsabilidade e avaliar a relação entre custo e benefício quando se gasta dinheiro público com eles. E a cidade tem de estar preparada para recebê-los – o que ainda, infelizmente, não é o caso de Brasília.

Praia privada na área pública

O governo poderia ser transparente também em relação ao “Na Praia”, que ocupa área pública às margens do Lago Paranoá – inclusive desrespeitando a faixa de 30 metros – e proporciona altos lucros a seus organizadores, que ainda receberam R$ 240 mil do Banco de Brasília a pretexto de patrocínio.

É preciso saber quanto o Estado, ou seja, a população, está efetivamente ganhando com o empreendimento. Não vale o discurso tradicional e vago de aumento de arrecadação.

Finja que quer, finjo que vou dar

Há nove meses que a Câmara Legislativa mantém na gaveta um projeto do governo, que nada fala sobre ele. É o que reduz em 20% a remuneração do governador, do vice-governador, dos secretários e dos administradores regionais, como parte do esforço para reduzir as despesas.

Os distritais fingem que se esqueceram do projeto porque, se aprovado, poderia levar a uma pressão para que a redução de salário fosse estendida a eles. O governo finge que se esqueceu do projeto porque ninguém quer ter o salário reduzido.

A medida, na verdade, tem alta dose de marquetagem e não afeta o altíssimo custo dos secretários e administradores requisitados de outros órgãos, reembolsados pelo DF. Mas se foi enviado à Câmara, tem de ser votado.

Telma não é a culpada

Não é da deputada Telma Rufino (foto), mas do governo, a proposta de estabelecer um preço irrisório para a ocupação de área pública pelos comerciantes da Asa Sul que fazem “puxadinhos “ e ainda conceder descontos nos três primeiros anos: 100% no primeiro, 60% no segundo e 30% no terceiro. A coluna errou ao atribuir a proposta à distrital.

O governo queria calcular o preço da ocupação a partir do IPTU e do valor venal do terreno estabelecido pela Terracap. Por essa conta, o metro quadrado seria avaliado em uma média de R$ 23,77. Os comerciantes queriam pagar R$ 4 por metro quadrado. Daí se chegou a um acordo que estabelece a taxa média de R$ 19, com base no IPTU, o que dá R$ 399 ao mês.

O secretário de Gestão do Território e Habitação, Thiago de Andrade, diz que a decisão foi consensual, levando em consideração a crise pela qual passa o comércio. Para ter direito ao desconto, o comerciante tem de adaptar as calçadas em frente à sua loja às normas de acessibilidade.

O que poucos, como é de praxe, farão.

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