Presente em várias produções televisivas, o tema da violência contra a mulher chama a atenção dos espectadores. O assunto é tão pesado quanto delicado, ainda mais porque, muitas vezes, as agressões acontecem em casa. Quando propagado nos veículos de comunicação, o assunto serve de alerta para quem vê.
Os autores abordam cada vez mais esta temática nas telenovelas para abrir os olhos para esta triste realidade que, infelizmente, é muito recorrente. Hoje é celebrado o Dia Internacional de Luta Contra a Violência Sobre A Mulher, uma data importante que visa defender e alertar as pessoas para um direito que é fundamental: o do respeito ao sexo feminino. Em homenagem a data, o Viva fez uma retrospectiva e buscou obras que abordaram a temática. São títulos culturais que serviram de alerta para a população.
Um exemplo de quem já apanhou em uma novela foi a personagem vivida por Paolla Oliveira na novela O Profeta, exibida entre 2006 e 2007. Na trama escrita por Thelma Guedes, a atriz foi Sônia, mulher de Clóvis. E sofreu nas mãos de um marido perverso, interpretado por Dalton Vigh.
Repercussão
Em 2008, o folhetim A Favorita, de João Emanuel Carneiro, iria novamente realçar o drama da violência por meio do personagem Léo (Jackson Antunes), que batia constantemente em sua mulher Catarina (Lilia Cabral). Na época, a Agência Brasil divulgou a repercussão positiva da trama. A Central de Atendimento à Mulher registrou cerca de 269 mil denúncias durante o período de exibição da novela.
O embalo animou os autores para continuar abordando o assunto. Logo em seguida, Fina Estampa, de Aguinaldo Silva, traria um novo casal polêmico para a trama exibida em 2001, também às 21h. Baltazar (Alexandre Nero) também foi um marido que batia na esposa. A personagem, interpretada por Dira Paes, não tinha coragem de denunciar o companheiro. Aguinaldo afirmou que a ideia era justamente debater a causa das mulheres não terem coragem de entregar seus agressores para a polícia.
Gabriela, de Walcyr Carrasco, também colocou a mulher em xeque, na posição de submissa e frágil perante os ataques violentos por parte dos homens. Quem não ficou com raiva do coronel Jesuíno Guedes (José Wilker) ao humilhar e espancar a reprimida esposa Dona Sinhazinha (Maitê Proença)? A versão da novela foi ao ar em 2012.
Indignação em horário nobre
Na Globo, o tema da violência doméstica contra a mulher começou a ganhar proporções, audiência e revolta em Mulheres Apaixonadas, exibida em 2003 no horário nobre, às 21h. O autor Manoel Carlos colocou em foco a questão com o drama da professora Raquel (Helena Ranaldi), uma mulher que apanhava constantemente com uma raquete de tênis do marido Marcos (Dan Stulbach). A agressão física e psicológica na trama rendeu média de 47 pontos no Ibope e muita indignação.
A temática pelo cinema e pela literatura
O tema também ganhou os cinemas e as grandes produções internacionais. Em 1991, o suspense Dormindo com o Inimigo, dirigido por Joseph Ruben, chocou o público. A trama é sobre Laura (Julia Roberts), uma mulher constantemente espancada pelo compulsivo, possessivo e violento marido Martin Burney (Patrick Bergin). A boa aparência que ele apresenta na sociedade era contraposta com suas reações em casa.
O filme Nunca Mais (2002), do diretor Michael Apted, baseou-se no best-seller Black And Blue, de Anna Quindlen, para adaptar a história de Slim (Jennifer Lopez), uma esposa maltratada pelo marido cafajeste Mitch (Billy Campbell). A diferença é que, no final, a mocinha dá a volta por cima: aprende a lutar e se defender das agressões.
Sangue nas letras
Também não faltam exemplos que retratam a violência contra a mulher na literatura. A editora carioca Valentina lançou obras que se adequam ao tema, como Fale!, da autora norte-americana Laurie Halse Anderson. O título aborda a violência contra garotas na fase da adolescência.
Rafael Goldkorn, publisher da editora, ressalta a importância de debater o tema nos livros. “O silêncio é aliado da violência. O livro faz um grito de alerta. E os frutos dessa tendência de relatar são fantásticos”, pontua.