Relaxe, feche os olhos e se imagine a vagar pelas planícies do Cáucaso, ou sobre as montanhas do extremo oriente europeu. A tarefa, que a princípio pode parecer impossível, se mostra estranhamente natural quando a mente recebe a ajuda sensorial da música nascida na longínqua região. Os sons de Cantos e Ritmos do Oriente, recital de piano e flautas que terá apresentação única, hoje, na Sala Cássia Eller, na Funarte, têm esse poder: instigar a imaginação.
O universo sonoro recriado pela pianista Regina Amaral e pelos flautistas Artur Andrés e Mauro Rodrigues, diferente da música oriental que costuma chegar aos ouvidos ocidentais, não se presta a diluições ou adaptações.
A ideia é justamente transformar o estranhamento inicial em descoberta e encantamento. “O desenho dessas músicas é muito interessante, pois está baseado na forma oriental, que é circular, muito mais natural e livre. Muitas músicas parecem ser um improviso, mas estão todas escritas”, explica Artur Andrés, músico fundador do Uakti, grupo referência na música instrumental.
Em três décadas de trabalho em conjunto, Regina e Artur se dedicaram a mestres como Bach e Prokofieff. Mas, nos últimos sete anos, os dois se entregaram a outro desafio: pesquisar a fundo a obra do pensador e compositor armênio George Ivanovich Gurdjieff.
Mais conhecido por seus ensinamentos filosóficos, Gurdjieff usou a rica tradição musical da Eurásia para potencializar a experiência do autoconhecimento. “Eu sinto que a música tem um outro papel nesse mundo, que é o de nos levar para dentro de nós mesmos”, resume Regina Amaral. O melhor é que não se precisa ir longe para aproveitar viagem tão complexa.
Cantos e Ritmos do Oriente – Recital de Piano e Flautas. Hoje, às 20h, na Sala Funarte Cassia Eller, Eixo Monumental. Ingressos a R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Classificação livre.