Após temporadas de sucesso no Rio de Janeiro, São Paulo e Fortaleza, o solo teatral Pequeno Monstro, protagonizado por Silvero Pereira, chega a Brasília para uma curta temporada no Teatro da Caixa Cultural.
Com direção de Andreia Pires, a montagem é resultado de uma pesquisa iniciada há sete anos, quando Silvero começou a reunir relatos de crianças LGBTQIA+ e encontrou neles ecos de sua própria infância. O processo de criação, segundo ele, foi também um reencontro com si mesmo:
“Foi, de certa forma, tranquilo. Eu havia passado por um período de terapia onde buscava justamente resolver essas minhas inquietações, angústias, dores do passado e ressignificá-las. Assim me senti pronto e motivado pra expor essas histórias como denúncia e em formato de arte”, explica.
Durante os ensaios, realizados em Fortaleza, o texto ganhou forma a partir de uma dramaturgia fragmentada, que mistura relatos reais e ficcionais, música, literatura, audiovisual e poesia. “Na sala de ensaio, vimos nascer um espetáculo que traz à tona infância, paixão, magia — e também violência. Amor e dor coexistem no palco, assim como na vida”, comenta a diretora Andreia Pires.
A escolha estética segue uma linha já explorada por Silvero em obras anteriores:
“Sempre tive uma dramaturgia nessa estrutura que mistura real, ficcional, música, literatura, audiovisual e poesia. Ao fazer isso, vou diluindo todas as histórias e, em alguma escala, mostrando que são todas iguais. Elas passam de geração, de fronteiras, mas as dores são as mesmas. Portanto, é nesse contexto que desenvolvo o meu trabalho. Não se trata de um problema individual, mas sim de uma ferida social”, afirma o ator.
Em Pequeno Monstro, Silvero revisita lembranças de sua juventude em Mombaça, interior do Ceará, e reflete sobre a violência estrutural que marca vidas LGBTQIA+. O título da peça — inspirado num conto de Caio Fernando Abreu — simboliza o estranhamento, a exclusão, mas também os caminhos de liberdade.
“Espero que o público tenha relação direta com as histórias contadas. Que ele se identifique ou que perceba essas violências nas suas vivências. É muito importante estarmos atentos, cientes delas para combater e proteger nossas crianças e o futuro delas”, destaca.
A obra marca ainda o retorno do artista aos palcos após a estreia de BR-Trans, em 2012. Desde então, Silvero ganhou projeção nacional em novelas como A Força do Querer e Pantanal, no cinema (Bacurau, Maníaco do Parque), e na TV, como vencedor do The Masked Singer Brasil. Ainda assim, ele revela que voltar ao teatro era uma necessidade:
“Sou uma pessoa que vem do teatro. Tinha acabado de fazer vários trabalhos no audiovisual e estava louco pra voltar. Amo fazer televisão, cinema, streaming, mas nenhuma dessas artes são, pra mim, maiores ou melhores que o teatro. Arte tem o mesmo valor, independente da linguagem. O importante é o que quero fazer naquele momento”, diz.
Produzido pela Quintal Produções (Valencia Losada e Verônica Prates), Pequeno Monstro é mais do que um solo teatral. É um manifesto íntimo, artístico e político, construído com coragem e sensibilidade para abrir espaço ao debate — e, quem sabe, à cura.
Espetáculo: Pequeno Monstro – com Silvero Pereira
Período: 26 de junho a 6 de julho de 2025
Horários: Quintas, sextas e sábados às 20h | Domingos às 19h
Sessão extra: Sábado, 5 de julho, às 18h
Não haverá espetáculo no dia 4 de julho
Sessão com acessibilidade (intérprete de Libras): Quinta-feira, 3 de julho
Local: Teatro da Caixa Cultural Brasília – Setor Bancário Sul, Quadra 4 – Asa Sul
Ingressos: https://bilheteriacultural.com.br/eventos-detalhes/77