Inspirada integralmente nas composições do sambista baiano Roque Ferreira, Roberta Sá lança seu terceiro CD, Quando o Canto é Reza, em parceria com o Trio Madeira Brasil, hoje e amanhã, às 21h, na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional e estabelece sua forte representação na música brasileira.
“Eu adoro as músicas do Roque, elas são cheias de imagens. Parece que ele cria várias histórias, um filme em cada canção. Para o intérprete isso é um prato cheio”, justifica.
A partir da parceria com o trio, formado por Ronaldo do Bandolim, Marcelo Gonçalves (violão sete cordas) e José Paulo Becker (violão), a cantora consegue unir a contemporaneidade do seu samba à tradição dos músicos e, ainda assim, expor a marca de sua identidade musical. “O meu samba não é tradicional. Mesmo agora, com um som mais tradicional por causa da formação do trio, que segue essa linha, meu samba é modificado, não é música tradicional regional do jeito que ela é concebida. Acho que faço de uma maneira diferente”, detalha. “A união das canções do Roque, de seu imaginário, com o trio e com a minha voz faz o disco ter uma característica de encontro”, diz.
É com simplicidade que a potiguar revela não ter nada de diva da MPB atual. Humildemente, se surpreende quando é comparada com tantas outras vozes. “Eu faço o meu trabalho de maneira muito comprometida com a música brasileira, sou muito apaixonada por ela e fico muito contente de ver meu trabalho reconhecido ao lado de outras que arrebentam, poder somar a música brasileira e fazê-la crescer cada vez mais”.
A cantora, que até o último ano da faculdade jurava que seu futuro guardava para ela uma bem sucedida carreira de jornalista de rádio, descobriu que sua proximidade com o aparelho estava invertido, quando mudou de lado e virou atração das programações musicais do veículo. “Me sinto muito privilegiada de trabalhar com música e, na verdade, nem sei se fazer música é trabalho. Trabalho é pegar avião, ter que ir para o aeroporto. Na hora de fazer música não há trabalho nenhum, a gente só faz de tudo pra chegar no palco e se divertir”, brinca.