Camila Maxi
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Três amigos vão representar Brasília em um dos maiores encontros culturais do País, a oitava edição da Bienal da União Nacional dos Estudantes (UNE), que começa amanhã em Recife e Olinda, em Pernambuco. Alex Canuto, Augusto Botelho e Artur Cavalcanti aterrissam em solo nordestino munidos de curiosidades e sede por mais conhecimento. O evento vai até sábado.
O tema central da Bienal é a A Volta da Asa Branca, em reverência ao mestre Luiz Gonzaga e seu Nordeste. Entre os homenageados estão o músico Jackson do Pandeiro, o poeta Ariano Suassuna, o xilogravurista José Borges, Patativa do Assaré, entre muitos outros.
A diretora de Arte da UNE, Maria das Neves, conta que o intuito desta edição é fazer com que os estudantes conheçam a região nordestina, e assim possam acentuar os elementos que formam o povo brasileiro. “O Nordeste veio para colorir o evento, que chamamos de folia da educação pela multiplicidade de atividades culturais e lazer”, comemora Maria.
Durante o dia, haverá uma megaestrutura onde os estudantes poderão ter cursos, oficinas, palestras e aulas. As noites serão embaladas por diversas atrações culturais, com artistas da região e adjacências.
Viagem às raízes
Alex Canuto está se formando em Letras-Português na Universidade de Brasília (UnB), e irá à Bienal pela primeira vez. O estudante conta que está ansioso pelo evento e revela já ter um roteiro do que pretende fazer quando chegar. “Além de divulgar e sair vendendo meus folhetos de cordel pelas ruas de Recife e Olinda, quero ainda participar das mostras de artes cênicas, música e literatura”, planeja.
A influência do Rei do Baião sobre os estudantes é clara e pontual. Todos carregam traços nordestinos em seu DNA. “Tenho na obra de Gonzaga uma relação de identidade profunda, que toca em minhas raízes. Meus pais, como tantos outros, são nordestinos que migraram para Brasília em busca de trabalho e de construir uma vida melhor”, afirma Alex.
Selecionado para a Bienal pelo cordel intitulado Das Travessias de Como Lampião, o Virgulino, se Converteu Num Santo Menino, Alex narra no livreto as caminhadas espirituais de Lampião.
Além de reinventar o mito em torno do cangaceiro, o cordel tece uma homenagem a Gonzagão nos capítulos de juazeiro e da pomba asa-branca. “A história é uma viagem que exige bastante fôlego da pessoa que decidir ler”, diverte-se o estudante.
Influência do Rei do Baião
O aluno de Artes Plásticas Augusto Botelho também tem suas pretensões em relação ao evento. “Lá, vou poder acompanhar o que tem sido feito e discutido dentro da produção artística no meio universitário brasileiro”, diz.
Criado por ele, Nas Águas do Véio Chico são duas pequenas gravuras feitas em borracha, cada uma com cerca de 7×4 cm. Utilizando a mesma técnica da xilogravura, as imagens representam cenas da vida dos ribeirinhos do rio São Francisco. O curioso é que as obras selecionadas pela Bienal foram feitas a partir de desenhos que Augusto fizera em um caderninho quando esteve no Nordeste em 2010.
A obra de Artur Cavalcanti, Que Onda Gonzagão, faz parte de uma série de trabalhos realizados no decorrer do ano passado pelo estudante de Ciências Sociais. São colagens compostas por flyers e panfletos. “O trabalho explora a atemporalidade de Luiz Gonzaga como figura da música brasileira”, diz.
Ele conta que avistou na Bienal a oportunidade de apresentar um trabalho original e que a participação deve render vários frutos. “Estou me preparando para uma viagem intensa”.