Raquel Martins
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Odiretor Stephen Daldry (As Horas e Billy Elliot) parece ter a receita que agrada aos críticos da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. Com o quarto filme da sua carreira, Tão Forte e Tão Perto, Daldry já recebe a quarta indicação ao Oscar. Baseado no livro Extremamente Alto e Incrivelmente Perto, escrito por Jonathan Safran Foer, o filme conta a história de Oskar Schell, um garoto de 9 anos que sofre de síndrome de Asperger (espécie de autismo, que diferencia-se do autismo clássico por não comportar atraso ou retardo global no desenvolvimento ou linguagem), tem várias fobias e muitas dificuldades de se relacionar.
Interpretado magnificamente pelo estreante Thomas Horn, Oskar encontra uma chave deixada por seu pai, Thomas Schell – vivido por Tom Hanks (Larry Crowne: O Amor Está de Volta e À Espera de Um Milagre) – morto no ataque terrorista às torres gêmeas no dia 11 de setembro de 2001, que o protagonista passa a chamar de “o pior dia”.
O garoto parte, então, para uma incrível expedição pelos bairros da cidade de Nova Iorque. Com um nome em mãos, ele percorre a “Grande Maçã” em busca de respostas, passa a conhecer várias pessoas e começa a fotografar a imensa riqueza humana com a qual se depara. Ao mesmo tempo, elas se comovem com a trágica história de Oskar e tentam levar um pouco de conforto.
O diretor não mede a mão no tom melodramático e leva o público várias vezes às lágrimas. Explora os traumas deixados pela tragédia e mostra a difícil tarefa de Linda Schell, vivida por Sandra Bullock (Um Sonho Possível e A Proposta), de se reaproximar do Oskar, fechado em seus próprios propósitos. Bullock deixa de lado o perfil de bela e “engraçadinha” e encarna o papel da viúva que precisa recomeçar a vida sozinha ao lado do filho.
Destaque
O melhor momento do filme acontece quando Oskar conhece o hóspede de sua avó (Zoe Caldwell). A atuação marcante de Max von Sydow (Ilha do Medo e Robin Hood) garantiu a indicação ao prêmio de melhor ator coadjuvante. O inquilino, apesar de mudo, é o único que consegue se aproximar do garoto e passa a acompanhá-lo na aventura.
O longa torna-se uma metáfora da sociedade americana depois do atentado. É uma sociedade que vive aterrorizada com o outro, com medo, ressentida pela perda e buscando um sentido para o que aconteceu. Ao encontrar a fechadura que se encaixe na chave deixada pelo pai, Oskar espera encontrar sentido para o desfecho fatal que os separou.
O filme é considerado pela crítica o mais fraco dos concorrentes ao título de melhor filme deste ano, e esbarra nos preferidos A Invenção de Hugo Cabret, de Martin Scorsese, que concorre a 11 estatuetas, e O Artista, de Michel Hazanavicius, que concorre a dez. Com um final sensível e inesperado, e melhor, nada piegas, muitos irão torcer para que dê “zebra” na cerimônia do Oscar que acontece no próximo domingo.