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Filme que traz bancos como vilões do mundo abre Festival de Berlim

Arquivo Geral

05/02/2009 0h00

Os bancos não só são corruptos, find mas também financiam o terrorismo, os atentados, o tráfico de armas e todos os males do mundo, conforme defende o filme “Trama Internacional”, que abriu hoje o Festival Internacional de Cinema de Berlim.

Hoje, a primeira grande presença no tapete vermelho do evento foi o ator britânico Clive Owen, que esteve acompanhado do diretor.

“É um filme feito muito antes de alguém imaginar a crise financeira que nos afetou, e no qual os bancos já são a personificação do diabo, até um ponto paranoico”, explicou o diretor do longa-metragem, o alemão Tom Tykwer.

“Meu tema não é a crise, mas um sistema demoníaco sobre o qual se ergue todo um modelo social”, acrescentou o cineasta, acompanhado em Berlim por Owen, que interpreta o agente Salinger, e por Armin Mueller-Stahl, um ex-oficial da Stasi que presta assessoria a esses bancos.

“Não me vejo como um especialista em sobrevivência a tiroteios dramáticos”, disse Owen, embora seja exatamente isso o que faz nos 118 minutos da produção.

“Escolho meus papéis pelo diretor, e esta foi a vez de Tykwer”, acrescentou, após rir das reiteradas comparações sobre a semelhança física entre ambos.

Fora de competição, “Trama Internacional” deu a honra a Tykwer, pela segunda vez, de abrir o festival, após “Paraíso”, em 2002.

A superprodução leva o espectador a percorrer o mundo, enquanto Salinger e sua colega de profissão, interpretada pela atriz Naomi Watts, perseguem os banqueiros.

A partir da Hauptbahnhof -estação central- de uma Berlim chuvosa, como manda o figurino, até as sedes de instituições financeiras de Luxemburgo, o filme faz um percurso entre frios edifícios de aço e vidro, enquanto vários colegas do agente – e alguns vilões – vão morrendo, sucessivamente.

Berlim, Lyon, Nova York, Milão, e mais tarde uma floresta italiana, ou uma perseguição intensa pelos telhados de Istambul, Tykwer demonstra sua grande paixão por filmar, mesmo que o roteiro seja um tanto ultrapassado e dê a impressão de que os únicos indivíduos honestos são a máfia.

A imagem de bancos superpoderosos, corruptos e que chegam a vender armas, seja para Israel, para a Síria ou para financiar golpes de Estado na África ou organizações terroristas, não condiz com o presente das falências e problemas financeiros.

Em algumas ocasiões, parece que o filme precisa de um pouco mais do ritmo próprio do “thriller”, mas a produção o recupera em uma cena emocionante na qual a branca escadaria de Frank Lloyd Wright do Guggenheim de Nova York é cenário de uma troca de tiros.

E, por fim, ganha humanidade graças a Müller-Stahl, transformado em cúmplice desiludido dos bancos que não respeita nada.

Owen, bem mais asseado em Berlim que no filme, onde, por mais que mude de país, passa longe de uma ducha, cedeu a honra dos melhores aplausos a seu colega alemão, que já tinha conquistado a simpatia do público.

“A diferença entre a vida e a ficção é que esta última precisa fazer sentido”, diz o personagem de Müller-Stahl. Tykwer tenta seguir essa linha de raciocínio, em uma produção que fica às portas da denúncia, provavelmente por overdose de material.

Na exibição à imprensa em Berlim, “Trama Internacional” foi recebida com vaias e poucos aplausos, bem diferente de “The Rolling Stones – Shine a Light”, o documentário sobre a famosa banda britânica.

Amanhã será aberta a mostra competitiva e começarão a ser exibidos os 18 candidatos aos Ursos, com a dinamarquesa “Lille Soldat”, de Annette K. Olesen, e “Ricky”, do francês François Ozon, com Sergi López.

Além disso, estarão fora de competição duas das presenças mais aguardadas do festival, Kate Winslet e Ralph Fiennes, protagonistas de “O Leitor”, de Stephan Daldry.

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