
Fazendo sua estreia em solo brasiliense, a bailarina e coreógrafa Márcia Milhazes traz um espetáculo montado para passear por diversas artes, e não se apegar apenas às cênicas e à música. As coreografias também invadem as artes plásticas e a literatura. Sua obra mais recente, Camélia, reúne todos esses elementos, na temporada que fica em Brasília até o dia 18 de março, com entrada franca, no hall de entrada do Centro Cultural Banco do Brasil Brasília.
Uma concepção totalmente nova inspirou a montagem do palco: ao ar livre, para aproximar plateia e elenco. As exibições vão surpreender o público, já que não haverá anúncio ou apresentação. O cenário é assinado pela irmã e parceira de Márcia, Beatriz Milhazes, prestigiada mundialmente e uma das mais importantes artistas plásticas brasileiras da atualidade. Com um elenco composto pelos bailarinos Felipe Padilha, Aline Arakaki e a brasiliense Ana Amélia Vianna, a encenação é composta por três peças, cada uma com tempo médio entre 15 e 20 minutos, ocorrendo, ora em solo, ora em duo ou trio.
Arte em família
As obras coreográficas de Márcia Milhazes não seriam as mesmas se não fosse pela irmã Beatriz Milhazes. Neste ponto, também, Camélia foge do convencional cenário chapado em duas dimensões e aplica a tridimensionalidade e a interação com o palco e os bailarinos. A cenografia teve como base o móbile Aquarium, produzido por Beatriz com pedras e metais preciosos, a convite da Fondation Cartier, em Paris.
A trilha sonora de Camélia, interpretada pelo cravista Marcelo Fagerlande, reúne as obras de Carlos Seixas, Padre José Maurício e Heitor Villa-Lobos, compositor que Márcia considera ter uma ligação quase familiar. Em Camélia, Márcia segue um caminho da obra do compositor que não passa pelo Trenzinho Caipira e as mais famosas Bachianas. Ela explora o desconhecido, mas igualmente genial, Villa-Lobos.
Oficina de dança
Além de toda a interação que o espetáculo promete, os amantes da dança poderão se aproximar ainda mais do trabalho da coreógrafa. No dia 3 de março, às 18h, Márcia Milhazes participará de um bate-papo com o público no teatro do CCBB e, em seguida, saem todos para vivenciar a peça. Uma oficina – apenas para 25 bailarinos com formação profissional – também marca a passagem da companhia por Brasília. As aulas serão nos dias 9 e 10 de março com duas horas e meia de duração e ministradas no Centro de Dança, próximo ao Teatro Nacional Claudio Santoro.